Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Desafios Chineses da Migração Para Centros Urbanos

14 de janeiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , , ,

Todas as cifras chinesas são astronômicas. O jornal japonês de economia Nikkei publica no seu Nikkei Asian Review o plano do presidente Xi Jinping para migrar 100 milhões de chineses que atualmente residem no meio rural para pequenas cidades até o ano de 2020, evitando-se as grandes metrópoles como Xangai e Beijing que continuarão controladas. Isto significa perto de 18 milhões de migrantes por ano, e nada menos que metade da população brasileira. Eles buscam diminuir as diferenças de renda entre o setor urbano e rural, estimular a demanda doméstica via desenvolvimento de toda a infraestrutura destas pequenas cidades. A atual taxa de urbanização que é de 52,6% da população em 2012 pretende atingir 60% em 2020, o que ainda é baixo. Este desafio é imenso, difícil de ser imaginado, pois além de criar os centros urbanos há que se providenciarem as suas interligações com o país já existente, além de criar os empregos para esta população.

Só os investimentos em melhoria dos sistemas de transporte e as mudanças para a urbanização foram estimados em US$ 4,13 trilhões pelo China Development Bank. Mais de 6 milhões de novas residências populares terão que ser providenciadas anualmente. As autoridades chinesas devem relaxar os sistemas de registros da população urbana e rural, pois os considerados moradores das cidades ainda estão em 35%, quando na realidade superam os 50%, havendo 200 milhões de agricultores migrantes que trabalham nas cidades.

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Prédios são construídos para receberem os migrantes da área rural

Atualmente, como os migrantes rurais e suas famílias não possuem os registros urbanos, estes trabalhadores e seus familiares não têm acesso à saúde, à educação e aos outros serviços sociais disponíveis para a população urbana. O governo pretende diminuir os tratamentos discriminatórios, pois as populações urbanas ganham três vezes mais que os trabalhadores rurais.

Ao migrarem parte da população rural para as pequenas cidades, as autoridades chinesas estão procurando elevar a produtividade agrícola, fazendo com que as pequenas cidades ajudem a fornecer os serviços e atividades industriais que possam contribuir neste sentido.

Também as áreas metropolitanas costeiras superpovoadas serão evitadas, e os registros de residência devem ser concedidos onde forem convenientes para o planejamento da China. São tarefas difíceis que exigem uma coordenação eficiente, sem o que muitos ficarão em situações de fato difíceis de serem controladas, gerando focos de insatisfações.

Chongqing, uma cidade do interior que começou a permitir transferências de registro de ensaios no verão de 2010, afirma ter registrado 3,7 milhões de agricultores transferidos até o momento. A maioria foi transferida para cidades industriais dentro das áreas rurais, e não em centros urbanos. Estas experiências localizadas costumam ser feitas pelos chineses, antes de lançarem programas nacionais em grande escala.

Ainda que se possa imaginar que estes planejamentos sejam possíveis somente num regime autoritário, o fato concreto é que está se promovendo algumas descentralizações e experiências, pois não parece exequível que tudo seja feito a despeito das vontades populares.

Quando muitos analistas se impressionam com os desafios enfrentados por países emergentes como o Brasil, poderiam simular estar na situação dos chineses, para verificar que elas acabam sendo mais dramáticas que as brasileiras, em dimensões significativamente maiores. Isto deve estimular a resolver os nossos problemas, ainda que muitos os considerem demasiadamente complexos.



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