Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Confusa Situação Monetária e Cambial no Mundo

13 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , , , ,

Lamentavelmente, o mundo está bastante confuso e mesmo o FMI – Fundo Monetário Internacional no seu relatório mais recente não consegue apresentar uma análise mais profunda, considerando o Brasil e a Turquia como países emergentes que são classificados como de maior fragilidade, comparando dados que no início do período considerado apresentam diferenças significativas, que estão sendo corrigidas. Um artigo publicado no site da Bloomberg, elaborado por Ye Xie e John Detrixhe, chama a atenção sobre o volume de reservas que também se diferenciam entre os países emergentes e que era mais elevado que nas crises anteriores. Mas, quando o mercado fica extremamente nervoso, há um risco de pânico que no momento ainda está contido, mas que pode atingir indistintamente a todos os países emergentes dadas a pouca racionalidade de um comportamento de manada.

O fato que não pode ser negado é que o sistema financeiro internacional insiste em se manter fora de qualquer controle, almejando lucros exorbitantes, e qualquer medida que lhe proporcione perdas, acaba sendo motivo para suas críticas e aversões, mesmo que muitas economias emergentes sejam as vítimas de políticas monetárias e creditícias dos países desenvolvidos, que só pensam nas soluções para os seus problemas, ainda que afetem o mundo todo, como deixou claro a nova presidente do FED – Sistema Federal de Reservas, Janet Yellen. Há que se fortalecer as atenções para as possibilidades de gerações de divisas externas, que nem sempre foram praticadas no passado, para evitar riscos como os que estão se apresentando aos países emergentes. As medidas de elevação de juros acabam sendo um mero paliativo, pois reduzem as possibilidades de crescimento destas economias, tornando-as mais vulneráveis no longo prazo.

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Todos sabem que os países desenvolvidos tomaram medidas como as que ficaram conhecidas como easing monetary policy para recuperarem suas economias, ainda que o excesso de liquidez mundial provocasse uma inundação de recursos estrangeiros nos países emergentes provocando a valorização do seu câmbio. Quando os Estados Unidos iniciam uma redução paulatina do excesso desta liquidez, medida que não é acompanhada nem pelos europeus nem pelos japoneses, começam a provocar problemas nas economias emergentes, que não tinham capacidade para neutralizar a valorização dos seus câmbios, e agora provocam uma acentuada desvalorização, aumentado as flutuações que acabam ficando exageradas, assustando os investidores externos.

Muitos países, inclusive o Brasil, são obrigados a elevarem seus juros internos, como também outros países emergentes, diante da incapacidade de reduzirem substancialmente seus déficits fiscais, pelo que podem ser responsabilizados. Com isto, provocam condições para um crescimento econômico mais modesto, uma pressão inflacionária adicional ao mesmo tempo em que lutam para manter os seus níveis de investimentos, notadamente na infraestrutura de que necessitam. Mesmo privatizações são aceleradas, contando com o apoio do setor privado, interno como externo, mas os empresários ficam arredios aos aumentos das instabilidades, que correspondem também dos seus riscos.

O nível da recuperação da economia mundial se processa a um ritmo mais modesto, não facilitando suas exportações de produtos primários, que os beneficiaram na bonança, mas que agora necessitam de receitas em moeda estrangeira das exportações de produtos manufaturados, mais difíceis de conseguirem competitividade, que dependem da eficiência que só conseguem com pesquisas de maturação mais longa.

Muitos países, mesmo desenvolvidos, também estão se defendendo, concentrando-se no seu mercado interno, evitando inclusive a migração, ainda que suas taxas de natalidades sejam mais modestas, com suas populações envelhecendo, sem dinamismo para o seu crescimento. As tendências de aumento das fricções são evidentes, ao mesmo tempo em que cuidados como a manutenção do meio ambiente ou redução do aquecimento global passam a contar com menor prioridade.

É difícil imaginar que esta tendência de cada um cuidar somente de si tenha condições de ajudar a economia global, principalmente os países menos desenvolvidos ou até emergentes, que enfrentam obstáculos para se igualarem aos desenvolvidos em uma grande série de facilidades. Mesmo os acordos de livre comércio, ainda que regionais, tornam-se mais difíceis de ganhar impulso. Todos acabam se concentrando somente nos seus interesses, com pouca solidariedade internacional, tornando o desenvolvimento mais difícil.



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