Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Os Interesses Japoneses na América Latina

1 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , , ,

O professor Kotaro Horisaka é um dos mais credenciados brazilianists japoneses, que morou no Brasil por diversas vezes, tendo sido professor da Universidade de Sophia de Tóquio. Escreveu nesta virada para 2014 um artigo publicado no boletim eletrônico da Câmara de Comércio Brasileiro no Japão sobre o relacionamento bilateral. A Copa do Mundo em junho e as eleições presidenciais em outubro no Brasil desperta o interesse de todo o mundo, aumentando o número de correspondentes estrangeiros atuando no país, o que ele espera que não seja passageiro.

Ele observa que os empresários estão diferenciando duas Américas Latinas de forma perigosa, uma voltada para o Pacífico com destaque para o México, Colômbia, Peru e Chile que representa 200 milhões de habitantes e um PIB de 2 trilhões de dólares que assinaram a Aliança do Pacífico em junho de 2012. Ela teria como objetivo estabelecer uma plataforma para promover o comércio e o investimento para intercâmbio de indivíduos e serviços, principalmente com relacionamento com a Ásia. De outro lado, o Brasil que é o maior parceiro do Japão na América Latina, ao lado de outros países voltados para o Atlântico, principalmente a Venezuela e a Argentina. O Brasil, diante da política de combate à inflação tenta reaquecer a sua economia, considerada como protecionista, com forte presença estatal.

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                                              Kotaro Horisaka

O bloco dos países voltado para o Pacífico é considerado mais aberto do ponto de vista comercial, e o governo japonês estabeleceu um acordo de livre comércio com o México em 2005, em 2007 com o Chile, em 2012 com o Peru e deve fechar um acordo semelhante com a Colômbia neste ano. Os japoneses estão impressionados com a velocidade de formação da Aliança destes quatro países, que começou em 2011, e em dois anos e meio e até maio de 2013 já teve sete reuniões de cúpula. O Japão foi o primeiro que participou como observador e já existem 25 outros nesta categoria.

Ainda que empresários brasileiros que participaram da XVI Reunião do Comitê de Cooperação Econômica Brasil – Japão em Belo Horizonte em setembro do ano passado tenham proposto a possibilidade de firmar um acordo de livre comércio, os japoneses observam as dificuldades que o país tem com a participação do Mercosul. Também lembram que está se preparando uma cadeia logística e de infraestruturas transcontinental para facilitar o acesso do Brasil ao Pacífico. Horisaka entende que se deve evitar a consolidação da divisão em dois blocos.

Na realidade, ainda que o Brasil tenha dado preferência aos entendimentos globais no âmbito da OMC – Organização Mundial de Comércio, dada as dificuldades para a sua aceleração, há que se pensar de forma mais pragmática avançando nos entendimentos bilaterais ou multilaterais, que são hoje são uma realidade que se multiplica pelo mundo.

Ainda que o Brasil continue um país com mercado potencial expressivo, se não alterar a sua política comercial externa para reduzir os entendimentos com outros países, acabará ficando isolado. Anuncia-se que o governo deve forçar posições para ampliar os entendimentos com a Comunidade Europeia, mesmo com algumas resistências de seus parceiros tradicionais que não se encontram em situação invejável.



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