Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Preocupante Evolução das Tensões no Extremo Oriente

8 de março de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: , ,

Dois artigos publicados nos meios de comunicação social de influência mundial mostram a importância que as tensões no Extremo Oriente continuam ganhando, provocando consequências como o aumento dos dispêndios militares. Ian Buruna, conhecido pelos seus livros sobre a Segunda Guerra Mundial, publicou no Project Syndicate sua leitura das recentes atitudes japonesas que aumentam as reações de alguns dos seus vizinhos asiáticos. Financial Times publica artigo elaborado por Demetri Sevastopulo e Charles Clover sobre as reações chinesas expressas pelo premiê Li Keqing no atual Congresso Nacional do Povo em Beijing. Os orçamentos militares da China acabam por se elevar em 12,2%, ainda que seja inferior a um quarto dos Estados Unidos.

O premiê Shinzo Abe solicitou a um grupo de historiadores reverem as desculpas oficiais efetuadas em 1993 pelos japoneses sobre o uso de escravas sexuais durante a Segunda Guerra Mundial, por entenderem que se tratava de atividade privada sem o respaldo das autoridades. A atitude faz parte do contexto em que se nega que o Massacre de Nanking de 1937 teria ocorrido bem como outras declarações de dirigentes da rede oficial de televisão NHK que mostram que o atual governo pretende estimular a aguerrida direita japonesa, com foco na política interna recuperando o orgulho nacional no momento em que tenta a recuperação do crescimento de sua economia.

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Ian Buruma e                                                   Li Keqing

Como estes assuntos são sensíveis para muitos no Extremo Oriente, as consequências práticas resultam no aumento dos encargos militares de muitos países, num momento em que a economia ainda tenta a sua recuperação ou está sofrendo uma desaceleração como na China. Os recursos disponíveis são limitados, mas sempre existem os analistas que admitem que gastos militares também ajudem a elevar os gastos públicos, mesmo que muitos países estejam com suas dívidas públicas já sobrecarregadas.

Na realidade, na medida em que o Japão passa a enfrentar crescentes dificuldades, principalmente com a China, não tem alternativa a não ser aumentar a sua dependência da aliança com os Estados Unidos. Com as experiências norte-americanas nas últimas décadas, com intervenções como do Iraque e do Afeganistão, eles desejam compartilhar suas despesas com outros aliados locais.

Para analistas que estão fora do Japão, fica difícil entender que estas tentativas de galvanização da população japonesa sejam capazes de provocar, a estas alturas, um novo surto nacionalista no país, a ponto de ajudar na recuperação de sua economia. Muitos japoneses apresentam restrições à longa dependência com relação aos Estados Unidos, que sempre acabam provocando problemas.

De outro lado, a China também já conta com muitos problemas para a reforma visando depender mais fortemente do mercado interno, correndo o risco de redução do seu crescimento econômico acima do esperado.

Se a globalização que veio ocorrendo nas últimas décadas ajudaram as diversas economias a se beneficiarem destas tendências, fica difícil de compreender que os fortalecimento das economias nacionais sejam capazes de compensar o ritmo mais lento de expansão do comércio internacional. Tudo leva a crer que haja uma redução do crescimento mundial nos próximos anos, não se sabendo qual o patamar que todos precisam se ajustar, quando seus encargos sociais estão crescendo.



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