Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Financial Times Entrevista Premiê de Cingapura

14 de abril de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , , , ,

Uma entrevista-almoço em Londres de uma importante figura asiática como o primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong, não explicita tudo nem mesmo para Gideon Rachman, o chefe de assuntos estrangeiros da Financial Times, evidentemente muito experiente. Há muito o que se interpretar nas entrelinhas do que foi discutido, como o uso de expressões faciais e risos do entrevistado. Ainda que ele já seja o herdeiro de um pai que já foi primeiro-ministro em Cingapura e tenha feito o curso universitário em Cambridge, como parte de sua preparação para exercer o elevado cargo no seu país. Ele cursou matemática e computação, com distinção, considerado como não tendo sequer um osso frívolo e um tecnocrata cerebral. Completou o seu currículo com o título de general brigadeiro no seu país. O ideal é que os leitores o leiam a rica matéria na íntegra, diante das muitas nuances que a integra no: http://www.ft.com/intl/cms/s/2/4511f092-bf2c-11e3-8683-00144feabdc0.html#axzz2ytIZSfQp .

Os assuntos abordados foram amplos, como a crise na Ucrânia que gera preocupações separatistas até para a China, acabando sendo relevante para a Ásia. Como a afirmação nacionalista do Japão que preocupa os vizinhos diante das lamentáveis experiências que ocorreram na Segunda Guerra Mundial, que chegaram até Cingapura. A entrevista ocorreu dentro de uma programação intensa do primeiro-ministro Lee Hsien Loong na Inglaterra, e ainda que não admitido decorra dentro de um regime forte, considerado democrático pela eleição formal, num país que praticamente conta somente com um partido político de fato. O tema é considerado tabu, não sendo explicitado na entrevista. Separado da Malásia, Cingapura é um país-cidade de 5,3 milhões de habitantes, consagrou-se com uma espécie de capital regional do Sudeste Asiático, notadamente no setor financeiro, tendo atingido um invejável nível de renda per capita, um dos mais elevados do mundo, dentro de uma disciplina que beira a ditadura. Equilibra-se entre os Estados Unidos e a China, ainda que hoje 60% de sua população seja de origem chinesa.

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Primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong

Apesar de considerarem que pequenos países conseguem se consolidar, lembrando-se do exemplo de Veneza que conseguiu se manter independente por 900 anos de uma forma ou outra, Cingapura procura se manter sempre alerta, com certo sentimento que poderia ser confundido com insegurança, que justificaria o seu regime autoritário.

Cingapura conta com uma democracia sui generis desde a sua independência em 1959 com o domínio do PAP – Partido de Ação Popular, e na última eleição de 2011 conseguiu 60% dos votos populares, mas obteve 81 das 87 cadeiras parlamentares. Afirma-se que no futuro procura um governo de coalizão, mas ninguém ainda tem uma ideia de como funcionaria.

Por ser um país-cidade, Cingapura depende do equilíbrio das grandes potências, do direito internacional, dos tratados e acordos, e da manutenção de certa santidade de suas preservações. Na medida em que a Ucrânia contava com a garantia de sua integridade por um acordo da Grã-Bretanha, dos Estados Unidos e da Rússia, qualquer alteração deste quadro é motivo de grande preocupação.



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