Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Mercosul e a Argentina

11 de abril de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , ,

Quando os demais membros efetivos do Mercosul, Brasil, Uruguai, Paraguai já estavam dispostos a apresentar uma proposta para um acordo de comércio com a União Europeia sem a participação da Argentina houve uma surpreendente mudança. Na reunião realizada em Montevidéu na última quarta-feira, a Argentina, possivelmente temendo o seu isolamento completo, apresentou a sua concordância para a proposta que pode eliminar as tarifas de 87 a 90% dos produtos comercializados com a Europa, como haviam decididos os demais países membros do Mercosul. O assunto está relatado num artigo elaborado por Denise Neumann, Daniel Rittner e Catherine Vieira, publicado no Valor Econômico, baseado nas informações fornecidas pelo ministro brasileiro Mauro Borges, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

A Argentina, lamentavelmente, já vinha adotando posições pouco racionais que dificultava o adequado funcionamento do Mercosul, bloqueando as possibilidades dos seus parceiros estabelecerem acordos de livre comércio que estão proliferando em todo o mundo, diante das dificuldades de acordos gerais no âmbito da OMC – Organização Mundial do Comércio. Suas dificuldades políticas internas já chegam à beira da desagregação, preocupando a todos. E a existência do Mercosulinibia os demais países membros efetivos do acordo regional que ficavam constrangidos nas tentativas de criar condições para a continuidade de sua integração na economia mundial globalizada. Se concluído o acordo com a União Europeia, seria um primeiro e importante passo para evitar a sua marginalização.

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Ainda que tenha se obtido a mudança de posição da Argentina, não está assegurado que os entendimentos com a União Europeia caminharão tranquilamente. Mesmo com os países emergentes do Mercosul concordando com a redução das tarifas dos produtos industriais que interessam aos europeus, existem também resistências europeias para a redução das tarifas de produtos agropecuários, principalmente, para a proteção do pouco competitivo setor rural da Europa. Eles entendem que precisam preservar a forma de vida de muitos europeus, ainda que as pressões atuais venham restringido estas proteções, diante dos interesses nacionais maiores em outros segmentos da economia, como as indústrias e os serviços. Procura-se restringir a cerca de 10% do total envolvido no comércio internacional os produtos que continuarão fora dos acordos.

O fato concreto é que outros países sul-americanos estão avançando nos entendimentos multilaterais com os que envolvem os países do Pacífico, ou outros bilaterais que estabeleceram com alguns países. O Mercosuljá tendia a deixar seus membros isolados, mas espera-se que este acordo com a União Europeia seja o primeiro passo que vá acelerar outros entendimentos de livre comércio, regionais ou bilaterais.

Não se espera que tais acordos sejam a panaceia que irá resolver todos os problemas, mas espera-se que se evite o isolamento e demonstrem que reduções tarifarias são indispensáveis nas atuais tendências de globalização da economia mundial.

Espera-se que este primeiro passo importante aumente as pressões para novos acordos, pois os países do Mercosulcontinuam importantes fornecedores de muitos produtos para o comércio mundial, além de apresentarem um mercado relevante com potencialidades para crescimentos futuros.



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