Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Violenta Crítica do The Economist aos Brasileiros

17 de abril de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , , | 4 Comentários »

Poucas vezes uma revista internacional como The Economist expressou num artigo uma crítica tão direta e violenta sobre a sonolência dos trabalhadores brasileiros, informando que eles são gloriosamente improdutivos. Estão dormindo há cinquenta anos na rede, com sombra e água fresca. Com a ironia que é a marca forte dos ingleses e até com cheiro de provocação cita alguns exemplos de empresários estrangeiros que afirmam que chegando ao Brasil começam a perder tempo. É preciso munir-se de um pouco de fair play para não se sentir insultado, ficando com o desejo de replicar que o Reino Unido também não é uma maravilha, aparentando a decadência que vem de longo tempo, preservando uma tradição monárquica que parece fora do tempo.

Reconhecem que poucas culturas oferecem uma melhor receita para aproveitar a vida, mas muitos perderam a noção do custo de oportunidade. Aproveitaram declarações de brasileiros que têm suas críticas, observando que muitas providências para a Copa do Mundo estão atrasadas. Reconhecem que houve curtos períodos em que a produtividade crescia, como entre 1960 a 1970, em contraste com outras economias emergentes. Informam que a produtividade total dos fatores é hoje menor que em 1960. O crescimento do PIB brasileiro deveu-se somente a expansão da força de trabalho.

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A revista lamenta o pouco investimento que o Brasil faz em infraestrutura, as insignificantes obtenção de patentes, os alunos conseguem um dos piores desempenhos, e muitos adultos possuem a habilidade de trabalho de adolescentes.

Com a carga tributária, muitas empresas caminharam para a informalidade, e muitas atividades vivem de elevado número de trabalhadores para exercerem tarefas que podem ser executados por poucos. O paternalismo vigora no país e a legislação beneficia exageradamente os trabalhadores, resultando em ineficiências.

Muitas empresas vivem da proteção do Estado, e as inovações não são estimuladas. Há um protecionismo exagerado. Houve um período de crescimento, mas também outros de intervenção governamental, inclusive com subsídios na energia.

Mas mencionam exceções como ocorreu na agricultura, segundo a revista, desregulada em 1990. O setor financeiro se mostra eficiente. O Brasil terá que enfrentar a desregulamentação para voltar a crescer em produtividade, segundo a revista, apoiada em declarações de alguns analistas locais.

São duras observações que ferem o orgulho dos brasileiros, mas nos exemplos citados parece que há necessidade de humildade para aceitar a sua maioria. Parece que a resposta adequada deve ser dada pelo abandono do berço esplêndido, estabelecendo-se uma pauta trabalhosa de convencimento interno que existem possibilidades de conciliação de uma forma de viver com alegria, mas de trabalho criativo utilizando todas as condições que existem no país.


4 Comentários para “Violenta Crítica do The Economist aos Brasileiros”

  1. Fernando
    1  escreveu às 10:20 em 17 de abril de 2014:

    Está mais do que certa a crítica do ‘The Economist’, infelizmente. Trabalhei anos no Japão, convivendo com o modo de pensar e trabalhar dos japoneses. É uma diferença cultural absurda.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 17:19 em 17 de abril de 2014:

    Caro Fernando,

    Obrigado pelo email. Acredito que existem muitas dificuldades, mas também existem problemas com as generalizações. O que acredito que devemos fazer é fazer com que bons exemplos sejam mais disseminados. Também conheço o Japão razoavelmente bem, tanto por ter morado lá como visitado mais de uma centena de vezes, e conheço casos em que a eficiência dos recursos humanos não é nenhuma maravilha, como também ocorre em muitas partes do mundo. Os próprios ingleses enfrentam problemas.

    Paulo Yokota

  3. Rubens
    3  escreveu às 09:25 em 18 de abril de 2014:

    Bom dia Paulo e leitores. No geral eu também concordo com as críticas, embora elas omitam vários outros diagnósticos sobretudo relacionados a área social e que não deveriam ser separados da economia.

    Friso que como metáfora, percebo um país com o desejo de se tornar um Estado moderno, mas que é uma transição do medieval para o Estado absolutista. Tal imagem gera uma grande expectativa no papel da educação e destaca que no fundo não deixamos de ser os exploradores do berço esplêndido de 500 anos atrás, mesmo que o façamos com excelência na atualidade. As mudanças no Brasil poderiam iniciar pela reforma do Estado tornando-o menos burocratizado, unificando impostos e mais representativo da sociedade no estabelecimento de prioridades, no controle e na participação. No formato atual ele se mostra um Estado clientelista em que o importante é ser amigo do rei.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 11:34 em 18 de abril de 2014:

    Caro Rubens,

    Obrigado pelos comentários. As reformas necessárias precisam da formação de um razoável consenso da população, e com os partidos e líderes com que contamos no quadro atual, temos que trabalhar muito para chegar as definições do que desejamos e como podemos alcança-los.

    Paulo Yokota


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