Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Pimentas Brasileiras

14 de maio de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias | Tags: , ,

Um artigo de Leão Serva foi publicado no suplemento Comida da Folha de S.Paulo informando que uma pimenta autenticamente brasileira seria a primeira com selo de origem controlada. Ela é a jiquitaia (mas no frasco dela está tipo jiquitaia) e seria produzida pelos índios baniuas (mas no frasco aparece baniwa), sendo recomendável que fosse adotada uma uniformização na nomenclatura se a pretensão é ajudar na consolidação desta marca. O chef Alex Atala estaria ajudando na sua divulgação, e ela seria uma farinha de pimenta com sal na língua tupi. Seria um pó ocre, feito da mistura de frutas de diversas variedades da espécie Capsicum spp, plantadas e colhidas por famílias indígenas baniuas, na bacia do rio Içana, na Amazônia.

Esta mistura de diversos tipos de pimenta ocorre com frequência, como no Japão, onde uma espécie famosa muito utilizada em pó reúne sete variedades diferentes. O conhecido Tabasco mexicano, vendido em todo o mundo, também é um blend de diversas pimentas, que acabam permitindo uma estabilidade maior no sabor que são afetados pelas condições climáticas e muitas outras condições como secagens, apresentando pequenas variações. Acabam se assemelhando aos vinhos ou as cachaças que, quando comercializados em quantidade, são a junção de diversas produções.

pimentakazu

As pimentas são frequentes em muitas partes do mundo, notadamente nas regiões tropicais. Quem conhece o México ou o Sudeste Asiático sabe das variedades de pimentas, algumas tão fortes que não são suportáveis pelos consumidores normais. Os que imaginam que as pimentas baianas são fortes, uma malaia que tive a oportunidade de ciceronear por Salvador as consumia como se fossem saladas. E em alguns lugares da Malásia ou da Tailândia, nem eu nem ninguém de minha família conseguia apreciar sequer um prato de um jantar, pois todas estavam acima do que podíamos sequer experimentar, ficando com a boca afetada por horas ainda que todos os artifícios fossem feitos para neutralizá-las.

Mas, todos reconhecem também que o Brasil, pela sua vastidão territorial, conta com inúmeras variedades que não são tão fortes, mas que apresentam características e sabores muito apreciados, que poderiam ser colocados no mercado com preços mais elevados, desde que adequadamente controlados.

Cada um dos apreciadores das pimentas, que não fazem mal para o aparelho digestivo como muitos alegam, acaba por preferir algumas, com suas formas particulares de prepará-las. Elas ajudam a dilatar as papilas degustativas, permitindo que muitos alimentos sejam mais bem apreciados.

A produção industrial das pimentas ainda é pouco desenvolvida no Brasil, bem como o importante marketing para alcançar volume no mercado, principalmente internacional, mas deve-se admitir que a potencialidade seja bastante elevada, sendo necessária a sua ampla divulgação.



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