Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Reunião de Cúpula do BRICS em Fortaleza

14 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , , ,

Terminada a Copa do Mundo, já se realiza em Fortaleza uma reunião de cúpula do BRICS, que era uma mera sigla que reunia os principais países emergentes de grandes dimensões geográficas, com grande potencial como o Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul. Existem outras economias emergentes que também já fazem jus a estas classificações, notadamente porque as performances recentes indicam que as tendências não são uniformes em todos os seus componentes. Mas a reunião também serve para propiciar importantes encontros bilaterais, onde a China e a Rússia apresentam uma pauta mais expressiva com o Brasil, que sedia esta rodada de reuniões. O que se espera é que haja avanços substanciais na definição de um New Development Bank, na esperança que a imobilidade das reformas do Banco Mundial e do FMI – Fundo Monetário Internacional que propiciariam maior participação destes emergentes nas decisões mundiais.

Ainda que se admita que o conjunto destes países do BRICS apresente poucas situações comuns, o fato concreto é que a soma de suas importâncias fazem com que o peso na economia mundial venha se elevando, com especial destaque para o crescimento da economia chinesa. Mas até Xi Jinping, o presidente daquele país, admite que todos estes emergentes necessitassem acelerar suas reformas para encararem a nova situação da economia mundial, onde as potencialidades do aumento do comércio internacional são modestas, necessitando contar com o maior suporte dos mercados internos, com vem sendo tentado naquele país.

brics

Dilma Rousseff, Vladimir Putin, Narendra Modi, Xi Jinping e Jacob Zuma

A novidade neste grupo é Narendra Modi, que assumiu o poder na Índia neste ano, em substituição a Manmohan Singh em função da vitória eleitoral do seu partido, que também luta por reformas no seu país, que continua apresentando grandes dificuldades, necessitando da ampliação do seu setor privado, num país que tradicionalmente contou com forte participação do Estado desde a sua independência.

Apesar das manifestas intenções mundiais de ampliarem o poder dos países emergentes nas decisões globais, o fato concreto é que os países chamados desenvolvidos não se apressam em efetuar as reformas nos organismos internacionais. Assim, o New Development Bank tentaria ampliar suas operações contando com os volumosos recursos das reservas internacionais dos países emergentes, onde o destaque continua sendo o da China.

Tudo indica que será sacramentada a decisão que a sede do banco ficará em Xangai, podendo ser que sua presidência caiba ao Brasil, ainda que isto seja uma medida para ampliar empregos cobiçados nos organismos internacionais, sinalizando que as moedas destes países se preparam para ter importância no cenário mundial.

Os acordos bilaterais que devem ser firmados paralelamente à reunião acabam adquirindo maior importância, principalmente da China com o Brasil, mas onde também a Rússia procura livrar-se do isolamento que os Estados Unidos e a Europa pretendem em função da anexação da Crimeia, contando com alguns interesses comerciais comuns com os brasileiros.

Com isto, mesmo que a reunião de cúpula dos BRICS não tenha a importância desejada, os acordos bilaterais que serão firmados acabam enfeitando o evento, procurando mostrar que outros avanços globais necessitam ser acelerados.

Os assuntos mais espinhosos devem ser evitados, sabendo-se que as decisões de cúpula necessitam ser trabalhadas antecipadamente em escalões inferiores, para ter alguma praticidade. Nada em política externa é fácil, e as negociações são sempre complicadas, exigindo barganhas que encantam os diplomatas, e nunca são rápidas, demandando muito tempo que resulta em despesas a serem arcadas pelos contribuintes.



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