Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Fim do Isolamento Diplomático de Cuba

19 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: , ,

Acredito que o restabelecimento das relações diplomáticas dos Estados Unidos com Cuba seja um avanço significativo para a eliminação de um absurdo que não se justificava mais no mundo. O Brasil já vem mantendo estas relações, ainda que do ponto de vista econômico aquele país apresente uma dimensão modesta. A nossa experiência pessoal de uma visita feita àquele país há alguns anos, na tentativa de examinar algum investimento brasileiro na área em que já foram importantes, mostraram que nestes anos todos de relativo isolamento com o embargo que sofreram provocaram uma forte deterioração na sua capacidade empresarial, que necessitará ser recuperada, mesmo que continue se adotando um sistema socialista que mesmo na China já sofreu radicais mudanças. Os brasileiros sempre adotaram uma política diplomática de relacionamento até com aqueles que nem sempre concordamos diante de algumas práticas que ainda utilizam e que poderiam ser consideradas ditatoriais. Espera-se que em alguns anos todos elas sejam eliminadas.

O governo brasileiro foi muito criticado por ter concedido o financiamento do BNDES para que uma empreiteira brasileira construísse um porto de importância em Cuba, que agora poderá ser amplamente utilizado. Neste sentido, o Brasil pode figurar entre os pioneiros nas intensas relações com os cubanos, ainda que existam os que são contrários pelas posições ideológicas que adotam. Quando até os Estados Unidos eliminam as barreiras diplomáticas e se esforçam para extinguir o absurdo da existência da prisão de Guantánamo, onde não se obedece nem sequer os mais rudimentares princípios de respeito aos direitos humanos. Existem muitas providências a serem ainda adotadas, mas espera-se que o embargo que os cubanos estão sofrendo seja totalmente eliminado, pois não podem ser mais considerados como exportadores de terrorismo que estão restritos a alguns grupos radicais ainda existentes no mundo.

Os que imaginam que Cuba só conta com partes deterioradas podem estar enganados. Elas existem, mas também as regiões voltadas ao turismo internacional já estão em melhores condições, como também existem partes das cidades que podem surpreender os estrangeiros visitantes.

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Aspecto deteriorado de Havana, capital de Cuba

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Praias cubanas que recebem os turistas internacionais

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Parte da cidade de Havana

Mas o que parece mais complicado são aspectos da administração pública, que passou por décadas de um socialismo pouco eficiente, que acabam por desestimular atividades produtivas como as antigas usinas de cana destinadas às produções de bebidas alcoólicas que eram famosas na época em que Cuba recebia muitos turistas estrangeiros, notadamente de norte-americanos, dada a proximidade daquele país com a Flórida.

Recuperar sua produção agrícola ou agroindustrial de forma eficiente e competitiva parece uma tarefa que vai exigir um grande esforço ao longo de muito tempo. No entanto, em muitos aspectos, apesar de sua pobreza impressionar os observadores, Cuba deve ser respeitada, como na educação básica, atendimentos de saúde para a população ou algumas especialidades esportivas.

Um médico brasileiro amigo meu já falecido, consagrado no Incor – Instituto de Cardiologia da Universidade de São Paulo, doutor Siguemituzo Arie, considerado como o profissional que mais efetuou cateterismo no mundo, que sofria de outra moléstia, dedicou-se alguns anos de trabalho em Cuba que considerava avançado em alguns aspectos.



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