Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Uma Família Paulistana

25 de janeiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: , , ,

clip_image002Tenho uma família que todos os seus membros são paulistanos, o que não deve ser muito comum, principalmente para os que possuem ascendência japonesa, com muitos nascidos no interior do país.

 

Metrópole Paulista sofre constantes mudanças

São Paulo, diante de sua dimensão, apresenta características diferenciadas nos seus muitos bairros, com influências de variadas etnias e culturas, com uma miscigenação que vai formando um povo com características próprias. Apesar da continuidade do recebimento de imigrantes do todo o mundo, inclusive de diversas regiões brasileiras e de uma emigração para diversas partes do mundo.

Assim, eu que fui criado a partir do bairro da Liberdade, quase sempre na região sul como a da Vila Mariana, onde a presença de descendentes de japonês é marcante, tenho algumas heranças culturais diversas de minha esposa. Ela foi criada na região da Mooca e Tatuapé e nesta região leste da cidade predominam influências europeias, notadamente de italianos, portugueses e espanhóis, sendo limitados os descendentes de japoneses.

Meus filhos, todos nascidos em São Paulo são casados com minhas noras que apresentam contribuições variadas, como de portugueses, italianos e judeus. Apesar disto, uma delas, por ter sido criada na região de Pinheiros e seu avô ter contribuído muito nas atividades de descendentes de imigrantes japoneses, ainda que conheça os comportamentos deles, não conta com formação cultural deste tipo. Outra, criada mais na região dos Jardins, acabou se preparando para uma vida mais universal, com o domínio notadamente do inglês.

O convívio com a comunidade nikkei da maioria deles é limitado, pois estão fortemente integrados no que seria o Brasil, onde São Paulo conta com forte contribuição dos imigrantes e tende a ter um comportamento globalizado como é uma das características das grandes metropoles do mundo, ainda que com suas características próprias. Meus netos estão sendo preparados para serem mais cidadãos do mundo do que a geração dos meus filhos.

O que se observa em São Paulo é a sua constante mudança para novas regiões desta metrópole. Se ao término da Segunda Guerra Mundial a predominância era do antigo Centro, ela evoluiu para tornar a região da Paulista, a nova atração. Mas foi se deslocando para a região da Faria Lima, desta para a da Berrine até chegar à marginal de Pinheiros, onde se localizam muitos dos grandes escritórios, centros gastronômicos, hotéis internacionais. As atividades culturais acabaram se espalhando pela metrópole, desde o Centro Velho como para as novas regiões.

A metrópole, se enfrenta hoje problemas agudos de tráfego, abastecimento de água ou energia elétrica e poluição, é preciso reconhecer que sempre os teve, e bem ou mal, veio os superando. Muitos dos moradores mais velhos se lembram dos bondes e ônibus superlotados, os blecautes enfrentandos, as faltas constantes de água. Os esgotos sempre apresentaram deficiências e não se nota uma sensível melhoria no cuidado com relação ao meio ambiente. Billings foi construída para fornecer energia elétrica gerada em Cubatão. O que pode se lamentar é que estes velhos problemas não foram adequadamente superados, mas não deve gerar um pessimismo exagerado.

Mas o que parece estar acontecendo é que os paulistanos não moram nesta metrópole. Hoje, eles vivem na zona leste, norte, oeste e sul, raramente se deslocando para outras, e talvez nas muitas vilas existentes onde ainda as relações são mais pessoais. Há que se considerar a descentralização administrativa e política desta grande metrópole para permitir que a comunidade se interesse mais diretamente com os problemas que enfrentam, imaginando sua contribuição para a solução dos mesmos. Parece que houve uma mudança na realidade social que não está sendo acompanhada por reformas políticas e administrativas. Os seres humanos são indivíduos e não números.

Observando-se as grandes metrópoles mundiais, nota-se como no caso de Tóquio que estas mudanças já foram implantadas, parecendo que elas geram formas mais eficientes de governança.



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