Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Investimentos Chineses na Internet da América Latina

2 de fevereiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , ,

Os chineses estão investindo pesadamente na América Latina no setor da internet, com suas empresas Baidu, Alibaba e Tencent, que muitas vezes atuam em conjunto com a denominação BAT.

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Estimativa dos gastos na internet no Brasil, Argentina e México

Num artigo elaborado por Kamilia Lahrichi publicado no site do Nikkei Asian Review, informa-se sobre os esforços das empresas chinesas nos investimentos efetuados em alguns países da América Latina, com as tecnologias já empregadas na China. Eles entendem que os países da região apresentam uma potencialidade de expressivo crescimento e esperam reproduzir o sucesso que obtiveram no seu país de origem.

A Baidu, que já funciona em português com um papel similar da Google desde a visita do presidente Xi Jinping a presidente Dilma Rousseff em julho último, é a segunda no mundo, pois outras empresas mundiais não tiveram a coragem de enfrentar o desafio de um idioma tão complexo como o chinês.

A Alibaba, que está muito agressiva no mundo, inclusive nos Estados Unidos, atua por intermédio da AliExpress, não tendo receio da logística que também é deficiente na China. No Brasil, adquiriu o Peixe Urbano, um distribuidor de voucher de desconto online, que tem cerca de 25 milhões de usuários e 30 mil parceiros comerciais. Também estabeleceu um acordo com os Correios do Brasil.

A Tencent é a maior empresa de internet na China e tem sua cotação estimada em US$ 130 bilhões, contando com o seu app WeChat.

A estratégia da China que já investiu US$ 10 bilhões por ano desde 2010 na região, segundo a CEPAL, espera alcançar um comércio bilateral de US$ 500 bilhões em 10 anos. Acaba representando uma política externa chinesa de forma suave e ao mesmo tempo internacionalizar o uso de sua moeda, o yuan.

Alguns comentários de especialistas internacionais estão expressos, como de Lourdes Casanova, do Instituto de Mercados Emergentes da Universidade de Cornell, que informa que o WeChat é de uso livre, estabelecendo uma nova base para os clientes. Margaret Myers, diretora do programa da China e América Latina do Diálogo Interamericano, informa que os chineses oferecem uma oportunidade de negócios com a Internet. A comScore, empresa de pesquisa e análise da Internet nos Estados Unidos, informa que os latino-americanos usam cerca de 26,1 horas online por semana, enquanto os brasileiros chegam a 35,6 horas, tanto quanto os norte-americanos e canadenses.

Com as melhorias das redes móveis e banda larga, o mercado regional deverá crescer mais rapidamente, devendo chegar em 2018 a US$ 47,3 bilhões, de acordo com a Forrester Research.

Todas estas empresas chinesas não possuem ainda muita experiência no exterior, como alerta o professor Doug Young, da Universidade da Escola de Jornalismo Fudan, em Xangai. Mas sabem como construir um bom negócio, ainda que leve algum tempo para tanto.

Ainda que tudo isto seja um pouco assustador, a esperança é que os chineses contribuam para aumentar a concorrência na América Latina, pois as empresas locais não contam com a agressividade e com recursos técnicos e financeiros para aumentar a eficiência neste segmento, cada vez mais importante na economia.



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