Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Que Fazer na Difícil Situação Atual do Brasil

28 de fevereiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , , ,

clip_image001Mesmo quando a economia mundial não passa por um período dos mais otimistas, muitos artigos críticos sobre o Brasil estão sendo publicados nos veículos internacionais de peso, como The Economist, Financial Times e Times, entre muitos outros.

Capa do The Economist, Brasil no atoleiro

Quando a difícil situação que todos os brasileiros estão cansados de saber acaba estampado na imprensa internacional relevante, o quadro se torna mais dramático. Apesar da elevada liquidez existente no mundo, espera-se que os juros tendam a começar a subir no final do ano, e os ratings para o Brasil estão ameaçando a piorar a situação, fazendo com que menos instituições financeiras possam financiar a economia brasileira nas suas necessidades. A Petrobras já passou a ser considerada uma empresa de risco e as autoridades brasileiras se esforçam para estes ratings de outras empresas não venham a atingir o Brasil como um todo, numa tentativa de difícil sucesso.

O Brasil não teve a capacidade de reconhecer que sua situação se encontrava mais confortável a cerca de 10 anos passados devido ao crescimento da economia mundial e não pelos méritos brasileiros. Os dispêndios com salários reais crescendo acima da economia acabaram levando a uma situação que tem que ser corrigida de forma drástica, como vem tentando fazer o ministro Joaquim Levy e sua equipe, escolhida pela presidente Dilma Rousseff para a difícil tarefa na falta de alternativas.

Ainda que isto possa atender aos reclamos mais agudos de muitos representantes do setor financeiro, o que parece indispensável se reconhecer é que o aprofundamento de um estado recessivo por longo tempo não é a solução adequada, como já demonstrando em muitos países. Só o crescimento da economia pode apresentar uma melhoria real num prazo razoável. É preciso observar o que acontece no setor de produção e no interior brasileiro que precisa voltar a crescer, e para tanto necessita de credibilidade, como tem se observado nos setores competitivos como a agropecuária, bem como no setor de mineração, apesar dos quadros internacionais adversos. Sem a ajuda do setor privado não existe solução, notadamente na infraestrutura e na indústria.

A desvalorização cambial provoca uma queda do salário real e isto vem ocorrendo de forma expressiva, havendo necessidade de um tempo razoável para que todas as correções se processem, provocando a queda das importações para suprir parte da demanda interna e o aumento das exportações para gerar as divisas necessárias. Não existe milagre e estas medidas exigem sacrifícios temporários de toda a população, o que muitos políticos não possuem a capacidade de compreender, aumentando seus gastos.

A presidente Dilma Rousseff, com sua característica pessoal de exagerada interferência em assuntos para as quais não tem preparo, não facilita a formação de uma equipe mais competente para o diálogo com a classe política, com a população mais modesta e com o setor privado. Parece subavaliar sempre as dificuldades, como se muitas soluções só dependesse da vontade política, quando existem muitos equacionamentos técnicos que necessitam ser feitos, contando com a confiança do setor privado para suprir o que não pode ser mais feito pelo governo. Não resta ao Brasil senão atuar com os quadros disponíveis, que nem sempre seriam os desejáveis.

Por mais relevante que seja o setor financeiro, é preciso admitir que se trate somente de um que tem como prioridade os seus interesses que continuam sendo preservados nas conjunturas positivas como negativas em todo o mundo. A produção depende do desenvolvimento tecnológico para ser feita com maior eficiência, competitiva no mundo.

Os instrumentos de política econômica estão limitados nas suas possibilidades de uso. Muitos segmentos da população, entre eles os sindicalistas, imaginam que tudo depende somente das vontades, quando existem restrições reais que necessitam ser consideradas. Se admitida a dura realidade, as soluções acabam exigindo menos tempo para maturarem, permitindo uma recuperação que será dura, mas possível.

As duras críticas que estão sendo feitas do exterior precisam ser aceitas com humildade, e ainda que caibam algumas ponderações, não devem ser encaradas como formuladas por pessoas que não contam com competência para a avaliação da situação brasileira. As observações de muitos casos no mundo acabam permitindo visões que nem sempre os brasileiros possuem somente com suas experiências, ainda que também sejam relevantes.



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