Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Esforços Para Melhorar as Relações no Extremo Oriente

22 de março de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , ,

clip_image002Todos estão interessados na melhoria das relações entre os três principais países do Extremo Oriente, a China, a Coreia do Sul e o Japão, mas ainda existe necessidade de nova interpretação do que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial, o que é difícil para os japoneses.

Reunião dos ministros das Relações Exteriores da China, da Coreia do Sul e do Japão, que ilustra matéria publicada no Yomiuri Shimbun

Foi realizada a reunião dos ministros Fumio Kishida, do Japão, Wang Yi, da China e Yun Byung Se, da Coreia do Sul sobre as relações externas, finalizada no sábado último em Seul, que é o primeiro esforço depois de alguns anos de congelamento. Os interesses econômicos de intercâmbio entre os três países é evidente. No entanto, tanto a China como a Coreia do Sul aguardam o pronunciamento do Japão por ocasião dos 70 anos do término da Segunda Guerra Mundial, dando uma nova interpretação do que aconteceu, o que é difícil para o Japão e para o primeiro-ministro Shinzo Abe, ainda que muitas personalidades japonesas venham enfatizando a sua necessidade.

A interpretação oficial do Japão, até agora, é que a ocupação dos países da Ásia pelos japoneses se tratava de uma medida de sua proteção, mas existem personalidades japonesas que desejam que Shinzo Abe expresse que houve uma agressão em episódios lamentáveis como o massacre de Nanking e o uso oficial de mulheres chinesas e coreanas como escravas sexuais para atender os soldados japoneses.

No período nacionalista, militarista e autoritário da segunda parte da Era Meiji até o fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão adotava uma política que denominava parte da Ásia como componente do Eixo da Prosperidade, que ficou reforçada depois da vitória japonesa na Guerra com a Rússia. O Japão pretendia um papel semelhante que a Inglaterra desempenhou no passado até para enfrentar os Estados Unidos no Pacífico.

Como foram cometidas barbaridades como o massacre de Nanking, onde os japoneses admitem que ocorreram cerca de uma centena de milhares de mortes, quando os chineses mais que triplicam estas cifras. Lamentavelmente, o Exército japonês oficialmente apoiou o uso de escravas sexuais chinesas e coreanas para atender os seus soldados, quando a Coreia era uma colônia japonesa. Mas vieram usando expressões como “confort women” numa semântica que agride os sentimentos dos chineses e coreanos.

O Japão entende que os esforços efetuados na guerra da Coreia e as assistências técnicas bem como de cooperação econômica depois da Segunda Guerra Mundial, inclusive na recuperação da China, teriam sido de montantes que já compensaram os danos causados durante estes conflitos militares. No entanto, tanto a China como a Coreia do Sul entendem que não foram suficientes e não estavam destinadas as indenizações das pessoas que foram envolvidas nestas questões.

Muitos japoneses atuais foram informados de forma parcial sobre todos estes acontecimentos, pois admitem que seus conhecimentos decorrem dos livros didáticos que foram utilizados pelo governo e que davam a versão oficial que era conveniente para o Japão. Apesar de serem assuntos que já ocorreram há mais de 70 anos, e alguns japoneses argumentarem que lamentáveis acontecimentos ocorreram em todas as guerras, parece evidente que chineses e coreanos, além das reparações morais e políticas, pretendem obter o máximo de vantagens econômicas.

O que se espera é que se cheguem a termos aceitáveis para todas as partes, sabendo-se que as mudanças mais críticas de interpretações devem ocorrer entre os japoneses, onde continuam existindo parcelas da população extremamente nacionalistas. Ninguém duvida que, mesmo no mundo globalizado, os interesses comerciais e econômicos entre os três países vizinhos são relevantes, havendo conveniência da volta de mecanismos de intercâmbio mais acentuado, que já são elevadíssimos em termos comerciais.

Também para o mundo, procurando evitar uma exagerada polarização com a China, na medida em que haja um envolvimento da Coreia do Sul e do Japão, tanto as questões de segurança internacional como as econômicas ficariam mais palatáveis.



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