Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Preocupante Editorial do The New York Times

22 de março de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: , ,

Seção: Editoriais e Notícias, Economia e Política Tags: editorial

clip_image001Ainda que a importância da mídia impressa esteja se alterando em todo o mundo, o tradicional The New York Times ainda tem a sua importância na formação da opinião dos norte-americanos.

Na edição do último sábado, o The New York Times publicou um editorial sobre o Brasil, que sempre tem a sua importância. Refere-se à presidente Dilma Rousseff que, por ter sido uma presa política, esperava-se que tivesse o objetivo de transformar o Brasil, tanto internamente quanto no exterior.

Admite que tenha sido uma líder assombrosa no país, mas decepcionante no cenário internacional. E compara com a China, a Rússia e a Índia, que apresentam proposições e o Brasil tem só tem proposto o que chamam de sussurro. E aproveita para abordar o que está acontecendo no país, com uma reeleição com pequena margem de votos, economia em situação difícil, com os brasileiros enfurecidos com os escândalos da Petrobras manchando o PT – Partido dos Trabalhadores, com manifestações pedindo o seu impeachment, e ela concentrada em resistir à crise política.

Aquele jornal recomenda que, com estes problemas internos, seus esforços deveriam se destacar nas ações externas para restabelecer o seu prestígio. O primeiro passo seria melhorar o relacionamento com os Estados Unidos, que esperavam dela mais pragmatismo do que Lula da Silva, um dos destaques da esquerda na América Latina.

Mas as negociações para a expansão do comércio teria sido invertido no final de 2013 com as acusações das espionagens de suas ações, feitas por Edward Snowden. Cancelou a visita aos Estados Unidos e se afastou da compra de US$ 4,5 bilhões de caças da Boing.

Barack Obama tem manifestado interesse em se envolver em entendimentos superiores de interesse mútuo, a política ambiental e o futuro em que a Venezuela vem provocando turbulências. Não espera que a ex-guerrilheira marxista se torne rapidamente uma aliada dos Estados Unidos. Tem sido crítica às ações militares norte-americanas, preferindo contrabalancear com as atuações multinacionais.

Na Venezuela, o Brasil pode ser mais influente com Nicolas Maduro, e em Cuba pode ser mais construtivo, pelo histórico de simpatia com líderes autoritários. No tempo do regime militar no Brasil, Dilma foi mais enfática na defesa dos valores democráticos e dos movimentos sociais, afirma o editorial.

O que se lamenta no editorial do The New York Times, apesar dos seus acertos, é que quando compara o Brasil com a China e a Rússia, por exemplo, acaba dando a impressão que não se preocupa muito com a democracia, pois são notoriamente dois países onde as suas violações são flagrantes, com regimes autoritários.

Apesar de admitir alguns erros dos Estados Unidos, também parece que casos como o de Guantánamo também deveriam ser condenados, principalmente quando depois de tantas décadas os Estados Unidos procuram iniciar o restabelecimento das relações diplomáticas com Cuba.

Parece explícito que aquele jornal defende os interesses da Boing, que talvez não seja de interesse do Brasil. Se dificuldades brasileiras são apontadas, também as dificuldades com as discriminações internas norte-americanas, tanto com os negros como os latino-americanos deveriam ser mencionados.

Há que se admitir que existam problemas em todos os lugares, mas enfatizar as dificuldades quanto está se procurando, a duras penas, melhorar as relações bilaterais, não parece o melhor que aquele jornal pode efetuar.



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