Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Li Keqiang Visita o Brasil e Países Sul-Americanos

18 de maio de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , , ,

clip_image001No mundo globalizado, que passa por um período de relativo marasmo, a China é uma exceção. Ela vem marcando por uma agressividade na sua política externa utilizando a posição conquistada nas últimas décadas de importância internacional. A viagem do primeiro-ministro Li Keqiang (foto) nesta semana para o Brasil e outros países sul-americanos, como a Colômbia, Peru e Chile, ressalta estas características.

Todos reconhecem que a China já consolidou a sua importância internacional como a segunda economia do mundo, devendo ultrapassar os Estados Unidos nas próximas décadas. Vem utilizando suas reservas internacionais de alguns trilhões de dólares para ampliar seus relacionamentos e investimentos em todo o mundo, até para antecipar-se à desvalorização do dólar norte-americano, que deverá ocorrer brevemente.

Em termos internacionais, vem intensificando contatos com seus poderosos vizinhos, como a Rússia e a Índia, tendo conquistado a adesão das principais economias do mundo ao seu projeto do AIIB – Asia Infrastructure Investment Bank, até dos mais fiéis aliados dos Estados Unidos, como o Reino Unido, Alemanha e Austrália. Também o Brasil aderiu a este banco. Seu projeto da nova Rota da Seda, terrestre como marítima, conseguiu empolgar países asiáticos como europeus, tanto por facilitar o intercâmbio entre os dois continentes como proporcionar benefícios locais.

Ainda no setor financeiro, ambos os países são parceiros no New Development Bank, formado pelos grupo de países participantes dos BRICS.

Até com os Estados Unidos e seus aliados, o presidente chinês Xi Jinping afirma ao secretário de Estado John Kerry que as relações entre ambos os países se encontra estabilizado, apesar dos potenciais antagonismos no que se refere à defesa, notadamente com o aumento das presenças militares na Ásia e nos mares que a cercam.

Nesta parte do mundo, a China lança o programa de ligação do Atlântico com o Pacífico, inclusive com uma nova ferrovia de mais de 4 mil quilômetros, que deve intensificar o relacionamento comercial da América do Sul com a Ásia, envolvendo dezenas de bilhões de dólares, ainda que o projeto não esteja detalhado.

Especificamente com relação ao Brasil, além dos muitos projetos conjuntos já existentes e os recentes aportes adicionais de financiamentos governamentais de bilhões de dólares, outros deverão ser firmados. Uma longa lista de acordos deverá ser firmada em amplas áreas, como informada pelo embaixador Li Jinzhang em Brasília e publicado no jornal oficial chinês, China Daily.

A China já é a maior parceira do Brasil notadamente no comércio bilateral por seis anos consecutivos, envolvendo mais de US$ 85 bilhões somente no ano passado. O Brasil figura entre os dez mais importantes para a China no mundo, e novos acordos deverão ampliar investimentos e operações em infraestrutura, como ferrovias, rodovias, portos e aeroportos. Também em cidades deverão ser estabelecidos metrôs e ferrovias suburbanas.

No ano passado, os investimentos chineses no Brasil já superaram US$ 18,9 bilhões, sendo evidentemente o maior da América do Sul. Devem ser ampliados em energia, mineração, transmissões de energia, indústrias, bancos, agricultura, comércio no atacado como o varejo.

As autoridades chinesas estão convencidas que ambos os países deverão formar uma comunidade de dois povos com destinos comuns. Ainda que a China seja pouco conhecida dos brasileiros, seria de grande importância que este conhecimento seja ampliado.

Particularmente, trabalhei na China em torno de 1985, quando tive a oportunidade de instalar a filial de um trading brasileira em Beijing. Aproveitei para conhecer algumas regiões da China, tendo viajado milhares de quilômetros por via terrestre, e tenho repetido algumas visitas a grandes cidades como Xangai e Hong Kong. Também tenho procurado estudar alguma coisa da história e da cultura chinesa, notadamente pelo rico material que Joseph Needham acumulou no museu existente na Universidade de Cambridge, considerada a mais importante no mundo.



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