Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Artigo de Michael Spence Sobre a Política Externa Chinesa

18 de junho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image001Não nos furtamos de certo orgulho quando um Prêmio Nobel como Michael Spence expressa, em artigo no Project Syndicate, pontos de vistas como os nossos, que foram postados neste site.

Prêmio Nobel de Economia, Michael Spence

Michael Spence escreveu que a China possui hoje uma estratégia de interligar a Ásia com a Europa, envolvendo também a África, com seu projeto de uma nova Rota da Seda, por terra pelos mares. E que, para tanto, vem desenvolvendo o AIIB – Asian Infrastructure Investment Bank sob sua liderança e complementarmente o New Development Bank dos BRICS. Acrescentaria que a ligação entre o Atlântico e o Pacífico também faria parte desta estratégia que desperta o interesse dos países interessados neste intercâmbio, ao lado dos projetos que melhorem seus sistemas de transportes, inclusive para outras finalidades mais regionais.

Ele chama a atenção que muitos economistas encaram a economia global como um grande bazar, quando na realidade é uma rede juntando países para favorecer os fluxos de mercadorias, serviços, pessoal, e capital com informações. Poder-se-ia acrescentar tecnologias.

Também, muito por iniciativa dos chineses, estão se acrescentando dezenas de acordos comerciais como financeiros, envolvendo o swap de moedas, utilizando as reservas internacionais da China. A pretensão final é que a moeda chinesa se torne igual ao dólar, ao euro e o yen, com ampla circulação internacional.

No fundo, os chineses estão criando alternativas ao Banco Mundial e ao FMI, e, com a adesão à Organização Mundial de Comércio, estão criando as condições para intensificação do intercâmbio mundial. Ele reconhece que os formuladores de política da China têm um horizonte de tempo longo, e se poderia acrescentar que estas visões de estadistas estão escassas no resto do mundo.

É evidente que muitos obstáculos existirão, inclusive a suspeita que tudo isto está sendo articulada pela China para antepor-se à atual liderança dos Estados Unidos, até mesmo do ponto de vista da segurança, principalmente nas rotas que serão utilizadas.

Existem também os que acreditam que o melhor caminho seria o uso mais intenso do setor privado, inclusive do mercado de capitais. Mas uma coisa não exclui a outra, pois estes projetos acabarão exigindo o uso de muitos recursos mundiais, até para as suas operações.

O autor se mostra confiante que o programa, ao longo de muito tempo, terá condições de alavancar investimentos expressivos, envolvendo o interesse de muitos países, e poderia se acrescentar também latino-americanos como o Brasil.



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