Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Assuntos Controvertidos Que Tem Uma Lógica

29 de junho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

 

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clip_image001Ainda que alguns assuntos como o futebol e as mudanças climáticas, que nada possuem de ligações entre si, sempre envolvem discussões acirradas, por razões diferentes que parecem ter no seu bojo algumas lógicas.

 

Controvérsias sobre as responsabilidades humanas

Existem até debates sobre as responsabilidades humanas nas mudanças climáticas, apesar de muitas evidências científicas. Os interesses econômicos envolvidos são volumosos e um dos grandes responsáveis é o exagerado consumo dos combustíveis fósseis, como os derivados de petróleo, o carvão mineral e muitas outras fontes de energia que acabam lançando poluentes na atmosfera, como indicados por muitas pesquisas científicas. Mas existem os que os contestam com outros argumentos científicos, atribuindo o problema a uma tendência secular que ocorre na natureza, onde as contribuições humanas são mínimas.

Um artigo publicado por Justin Gilles do The New York Times International Weekly informa sobre a contribuição da historiadora da ciência Naomi Oreskes, atualmente professora da Universidade de Harvard, que se especializou na coleta de distorções científicas ao longo da história para contestar novas descobertas. O mesmo artigo foi publicado em português num suplemento da Folha de S.Paulo. Ela adota o critério da permanência das tendências de interpretações, que resistem por longos períodos.

Ela escreveu em parceria de Erik M. Conway um livro publicado em 2010, “Merchants of Doubt”, mostrando a existência dos que defendem interesses e colocam em dúvida avanços dos conhecimentos científicos. Seu trabalho original foi publicado em 2004, na famosa revista científica Science, e vem atraindo a ira de cientistas contrários à tese que está vencendo, e que deve determinar brevemente um posicionamento internacional em favor de medidas para redução substancial das ações humanas danosas ao meio ambiente. Outros exemplos foram as pesquisas financiadas pela indústria de tabaco, colocando em dúvida os seus danos à saúde.

O caso do futebol e a deterioração deste esporte no Brasil exigem opiniões de conhecedores mais profundos. Entre minha preferência pessoal figura o comentarista Tostão, que foi um jogador de destaque e vem publicando suas opiniões balizadas na Folha de S.Paulo, usando o seu conhecimento deste esporte no mundo, com argumentos de muitas fortes lógicas. Num artigo recente, ele descreve as três principais estratégicas básicas adotadas atualmente por diversos técnicos.

O primeiro seria tentar defender e atacar com muitos jogadores, que utilizariam conceitos como equilíbrio entre defesa e ataque; intensidade, pela movimentação e vibração; recomposição, a volta para marcar quando o time não está com a bola; e, “propor o jogo”, comandando uma partida. A segunda, usada pelas equipes inferiores, que seria a formação de duas linhas de jogadores, e contra-atacar ou jogar por uma bola. A terceira seria a do ataque em massa, como atualmente adotado pelo Chile e seu técnico Sampaoli, que envolve uma ousadia pragmática. O que fica implícito é que Dunga não entende nada destas técnicas e atua de forma confusa quando não dispõe de uma grande equipe de jogadores, principalmente quando não conta com Neymar.

Outra opinião balizada é de Roberto Rivellino que expressou numa entrevista o erro da escolha de Dunga como técnico, como um técnico que procura jogar por resultados, sem contar com uma política de longo prazo para a recuperação do futebol brasileiro. A crítica implícita são os resultados possíveis, como na atual Copa das Américas e a próxima e crucial classificação para a Copa do Mundo, que está em grande dúvida. Como se trata de um esporte, os resultados podem ser incertos, dependendo também dos adversários, mas as tendências parecem claras.

As controvérsias são possíveis, mas é preciso ter a consciência que sempre existem lógicas ao lado das posições que estão sendo defendidas.



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