Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Contrastantes Sentimentos Sobre as Relações Nipo-Brasileiras

18 de junho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , | 2 Comentários »

Não se pode negar que hoje os dois países se conhecem um pouco mais quando comparado com as décadas passadas, mas não se pode destacar grandes empreendimentos nacionais que marcam os relacionamentos bilaterais do Brasil com o Japão.

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Capa do suplemento da Folha de S.Paulo

Quando se lê o conteúdo de um suplemento como o da Folha de S.Paulo, um especial Brasil – Japão, verifica-se que a qualidade dos artigos superam as expectativas por conterem experiências concretas de muitos jornalistas, refletindo o que aconteceu com muitos brasileiros que viveram no Japão. As informações correspondem à realidade, mas sente-se a falta de uma visão mais ampla, inclusive da história dos relacionamentos entre os dois países, notadamente nas últimas décadas.

A jornalista Fabiana Futema relata a sua experiência como decasségui naquele país, e está informada sobre as atuais retomadas do fluxo de brasileiros para trabalharem no Japão, que não é senão um percentual menor do que aconteceu no passado. Os problemas que continuam ocorrendo, com as flutuações em ambas as economias, que caracterizariam o “novo normal” não chegam a ser mais caracterizado.

Entrevistas com Hirofumi Ikezaki, Leiko Gotoda, Mari Hirata e outros mostram que os responsáveis pelo suplemento escolheram pessoas representativas deste intercâmbio bilateral, mas seria interessante que fossem feitos outros paralelos com outras comunidades e países, de forma que houvesse parâmetros para a correta avaliação destas relações do Brasil com o Japão, como o que ocorre daquele país com a China ou outros países com os quais mantém intercâmbios semelhantes.

Com a falta de uma perspectiva histórica mais aprofundada, não se destaca a falta de figuras como o empresário-estadista Toshiwo Doko, ex- presidente da Ishikawajima-Harima, da Toshiba e do Keidanren, que contribuiu com grandes projetos japoneses no Brasil. Nem que outras comunidades de imigrantes como os árabes, alemães, italianos e muitos outros possuem empresas e empresários de primeira linha no Brasil, o que é difícil de encontrar entre os japoneses e seus descendentes.

Do ponto de vista econômico, poucas são as empresas brasileiras de porte no Brasil, como as japonesas que não contam no Brasil com o dinamismo desejável. Os intercâmbios comercial e financeiro entre os dois países não conseguem fazer sombra com o que acontece com a China e nem grandes programas estão sendo cogitados, tanto da parte dos chineses como dos brasileiros. Lamentavelmente, são as dificuldades que estão sendo mais apontadas.

Do ponto de vista político, também recentemente o Brasil vem mantendo maior intensidade de relacionamentos com a China, na Ásia, quando o Brasil chegou àquele país pelos caminhos que passaram pelo Japão, ainda que a comunidade chinesa no Brasil não seja tão expressiva como as que estão presentes em outros países como os Estados Unidos, a Austrália, o Canadá e alguns outros.

Do ponto de vista educacional e cultural, o Brasil e o Japão já tiveram períodos mais de intercâmbio, que hoje está sendo desviado para outros países, neste mundo globalizado.

Ambos os países, apesar das suas dificuldades, continuarão sendo importantes no mundo, mas parece que tudo sempre fica para um futuro distante, sem indícios de tendências promissoras mostrando o que pode ocorrer de especial entre os dois países.


2 Comentários para “Contrastantes Sentimentos Sobre as Relações Nipo-Brasileiras”

  1. José Comessu
    1  escreveu às 04:06 em 20 de junho de 2015:

    Olá Professor Yokota

    Li o caderno da Folha e senti a falta da abordagem do aspecto econônico na relação nipo brasileira.

    Outra coisa que me chamou a atenção foi a escassez de anunciantes de grandes empresas relacionadas, com excessão da Nissan.

    Eu e muitos interessados esperam que o senhor escreva um livro atualizado sobre essas relações bilaterais , detalhando os atores principais, bastidores.

    Outro livro que sugeriria é sobre as gangues de nisseis do bairro da Liberdade da década de 60. Ouvi histórias algumas histórias de alguns ojiisans que eram jovens naquela época. Tai um sugestão para pesquisar.

    Saudações

    José

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 11:51 em 22 de junho de 2015:

    Caro José Comessu,

    As relações atuais do Japão com o Brasil estão bastante frias, notadamente no nível das grandes empresas. Este aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas do Japão com o Brasil não é considerado um fato expressivo, infelizmente. As agências publicitárias japonesas como a Dentsu não comandadas do Japão e eles possuem suas políticas que são difíceis de serem alteradas. Estou cogitando de uma versão atualizada do livro que escrevi com a colaboração de outras personalidades. Talvez menos pretencioso, pois enfrento problemas de disponibilidade de tempo. Obrigado pelos seus comentários.
    Assuntos restritos da comunidade Nikkei não são da minha especialidade.

    Paulo Yokota


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