Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Política Internacional do Brasil e Relações com os EUA

14 de junho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: , , ,

clip_image001 Um artigo de Monica Gugliano no suplemento Eu & Fim de Semana do Valor Econômico comenta cautelosamente as possibilidades modestas da próxima visita da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos.

Brack Obama e Dilma Rousseff

Mesmo os leigos em política internacional do Brasil devem estranhar que as relações entre dois importantes países das Américas, como o Brasil e os Estados Unidos, estejam tão frias e o máximo que se pode esperar da próxima visita presidencial àquele país seria estancar a piora que vem se observando há muitos anos.

Se o Itamaraty e seus diplomatas já não tinham uma forte influência na formulação da política externa brasileira, desde o governo Lula da Silva as principais decisões estão sendo tomadas no gabinete presidencial, sem que os profissionais preparados para tanto tenham o adequado peso. Mesmo que o Brasil não se perfile às orientações ideológicas dos norte-americanos, ninguém pode negar que aquele país tem ainda uma importância mundial, principalmente econômica nos países das Américas que são seus vizinhos mais próximos geograficamente. O NAFTA é um exemplo e tanto o México como o Canadá continuam tirando proveito da dimensão do mercado norte-americano, o que não acontece com o Brasil.

No Extremo Oriente, o Japão enfrenta dificuldades com a China e a Coreia do Sul e, no entanto, em termos de intercâmbio comercial aqueles países vizinhos possuem volumes expressivos de intercâmbio econômico e comercial, além de investimentos diretos internacionais no mercado chinês que vem crescendo rapidamente, inclusive no ramo tecnológico. É natural que haja um pragmatismo econômico, para se evitar eventuais divergências ideológicas e políticas.

A política externa brasileira vem se orientado por exagerados interesses ideológicos e com os seus vizinhos latino-americanos se concentram naqueles países que não perfilam com a política norte-americana. Com os africanos, concentram-se nos vazios deixados pelos Estados Unidos, como os que utilizam a língua portuguesa ou dispõe de minérios. No resto do mundo, vem se conformando com a tendência global dos países emergentes, dando uma grande importância à China, ainda que os mercados europeus e os asiáticos, como o japonês, também tenham sua importância.

O crescimento das relações internacionais do Brasil parece decorrer somente do desenvolvimento global que ocorreu do ponto de vista econômico, elevando os preços das commodities exportadas pelo país, sem ser decorrente de uma política brasileira que foi somente passiva. Quando muito estreitou com os países que adotam orientações ideológicas semelhantes. Um dos seus méritos foi que manteve os entendimentos diplomáticos até com os países que foram considerados marginalizados pelos Estados Unidos.

Nos fóruns internacionais, o Brasil tem obtido posições importantes somente em organismos que não possuem poderes relevantes e de fato sobre decisão como a UNCTAD – Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento, OMC – Organização Mundial do Comércio ou na FAO – Organização da Alimentação e Agricultura. Tudo indica que este lamentável quadro não vai mudar a curto prazo.

Quanto aos Estados Unidos, o presidente Barack Obama, que está na fase final do seu mandato, parece que deseja manter uma imagem que não ficou indiferente ao esfriamento das relações bilaterais, tendo feito esforços para eliminar os efeitos nocivos das espionagens internacionais que atingiram Dilma Rousseff.

O máximo que parece possível é a carne brasileira ter acesso ao mercado norte-americano, tendo que competir com fornecedores tradicionais no mercado internacional, o que é muito pouco para dois países das dimensões dos Estados Unidos e do Brasil.



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