Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Tentando Compreender a Política Interna da China

3 de julho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: , ,

Um artigo publicado por Katsuji Nakazawa no Nikkei Asian Review proporciona um pouco de luz na interpretação das lutas internas que continuam ocorrendo na China, onde o atual presidente Xi Jinping vem consolidando o seu poder com o combate à corrupção.

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Xi Jinping e os seis membros do Standing Committee, que concentra o poder na China

Os analistas japoneses estão entre os que possuem as mais elevadas capacidades de análise da política na China, que não estão entre as mais transparentes. Todos sentem que a atual luta contra a corrupção objetiva também atingir membros das facções que podem ameaçar o poder do presidente Xi Jinping.

Uma longa análise utilizando diversas fontes de grupos privados japoneses com grandes interesses na China chega a indicações de que o poder está concentrado hoje no chamado Standing Committee que foi reduzido a sete membros, onde quatro, incluindo Xi Jinping, são do seu grupo e três são originários do ex-presidente Jiang Zemin, mas que precisam renovar suas demonstrações de lealdade ao atual presidente.

Jiang Zemin tinha diversos partidários originários de dois segmentos importantes na China, a construção civil e a indústria petrolífera, mas foram objetos de perseguição, envolvidos em operações corruptas. Hoje, os restantes estão relacionados com a indústria de máquinas, mas ainda conta com três dos sete membros do Standing Committee, mas que não podem adotar posições que possam ser entendidas como contestadoras a Xi Jinping, que concentra um poder como poucos na China depois de Mao Tsetung.

Nem sempre foi assim. No passado, o Comitê Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês, com muitos mais membros, detinha uma parcela importante do poder, que está atualmente mais centralizado. Uma reunião como a que elevou Xi Jinping ao poder máximo na China deve ocorrer em 2017, mas tudo indica que ele ainda tem mais anos pela frente no comando daquele país, que costuma ser mantido por cerca de dez anos.

Tudo indica que este combate à corrupção não pode ser dissociado da luta pelo poder de facções políticas chinesas, que atualmente está sob o comando incontestável de Xi Jinping. Ele conta com auxiliares importantes como Li Keqiang, o atual primeiro-ministro e um fiel e antigo companheiro que vem encabeçando o organismo responsável pelo combate à corrupção.

As análises japonesas são longas e detalhadas, pois alguns segmentos como das indústrias automobilísticas que possuem ligações com o exterior, inclusive a Toyota, a Honda e a Nissan tiveram membros atingidos pelo combate à corrupção.

O que parece é que lá, como em muitos outros países como a Rússia e até o Brasil, o combate à corrupção acaba se relacionando com a luta política interna, da qual não pode ser dissociada. O que pode ocorrer é uma sofisticação maior ou menor, uma transparência maior ou menor. Isto exige análises mais cínicas de muitos fatos que podem ser divulgados para impressionar a opinião pública, sendo da natureza humana que muitos eventos, públicos ou privados, estejam relacionados com o controle do poder.



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