Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Mudanças Preocupantes nas Universidades Japonesas

25 de agosto de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Uma pesquisa realizada por todo o Japão pelo Yomiuri Shimbun junto às 86 universidades nacionais indica uma substancial redução dos cursos de humanidades e ciências sociais, numa tendência preocupante para os japoneses. Das 60 universidades com faculdades de ciências humanas e sociais, 58 responderam à pesquisa e 26 afirmaram que pretendem eliminá-las, ou seja, mais de 40%.

Universidade de Tokyo, uma das poucas que preservam os cursos de humanidades e ciências sociais

Constatou-se que muitas pretendem introduzir cursos relacionados com ciências regionais. O que se observa no Japão é que a população acabou se relacionando com a cultura desenvolvida num arquipélago, quando a tendência mundial é no sentido de uma acentuada globalização. Os japoneses, na média, possuem limitações para o conhecimento de outras culturas que permitam entender outros povos e intercambiarem com eles.

Mesmo para aqueles que se dedicam a conhecimentos técnicos como engenharia ou relacionados com tecnologias, no mundo atual é preciso que tenham também conhecimentos de humanidade e de ciências sociais, pois trabalharão com profissionais de outras formações. Não podem ter conhecimentos demasiadamente departamentalizados, precisando contar com meios para se comunicarem adequadamente com outros profissionais especializados em outros setores. Um pouco de conhecimentos gerais de humanidades auxiliam neste processo.

Os conhecimentos de ciências sociais como sociologia e antropologia permitem-lhes conhecer pessoas de outras culturas, entendendo suas reações diante de problemas que lhes podem ser comuns. O conhecimento de política facilitam muitos a serem bons cidadãos e conviverem com pessoas que pensam de formas diferentes.

Mesmo engenheiros, químicos ou físicos também necessitam ter um mínimo de conhecimento de economia e administração, pois em qualquer setor em que atuem necessitarão estar conscientes das limitações impostas pela realidade.

Evidentemente não existe uma unanimidade sobre estas mudanças e muitas instituições atribuem as dificuldades às avaliações dos resultados em ciências sociais, notadamente na concorrência com estrangeiras, onde a população está decrescendo. Mas, muitas entendem a importância destas ciências sociais bem como de humanidades para a formação dos seus estudantes.

Pelas informações do artigo publicado pelo Yomiuri Shimbun, parece haver uma rigidez nas universidades japonesas, com dificuldades para oferecer cursos que não proporcionem certificações, quando existem no mundo muitos que oferecem cursos variados que ainda não formem profissionais em áreas regulamentadas.

A orientação do Ministério da Educação do Japão é no sentido que cada universidade escolha uma meta futura entre contribuição regional, especialização em determinado campo e um padrão global de educação para receberem recursos a partir de 2016. Na realidade, há uma tendência para exagerada departamentalização do conhecimento, quando a tendência mais conveniente parece ser a da formação mais geral, ainda que aprofundada em determinado conhecimento.



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