Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Os Dilemas da Indústria de Armamento do Japão

18 de agosto de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

clip_image002Dois artigos foram publicados sobre os dilemas da indústria de armamentos do Japão, o primeiro no Financial Times e outro no Nikkei Asian Review, tendo como origem o convite australiano para examinar a possibilidade de fornecimento do submarino japonês Soryu (foto), competindo com a Alemanha e a França. O assunto apresenta grandes complexidades, pois o Japão está fora deste mercado internacional desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Os japoneses vieram fornecendo armamentos para o seu Sistema de AutoDefesa e durante as crises do petróleo cerca de um terço da capacidade das indústrias pesadas japonesas estava voltada para estas encomendas, a fim de suprir sua capacidade ociosa. Mas não estão preparados para fornecimentos internacionais que envolvem diversos produtos e componentes, apresentando complexos problemas de alianças militares, treinamento de pessoal e todos os outros relacionados com armamentos, inclusive sua imagem externa.

Certamente, estão interessados nos fornecimentos para a Austrália, pois seria uma oportunidade para manter competitiva a sua tecnologia na área, que comparada com a de outros países é modesta em faturamento como envolvimento de suas empresas. Os japoneses necessitam de desenvolvimentos para fornecimentos internos para a sua defesa, que é de interesse do atual governo Shinzo Abe, inclusive visando a recuperação de sua economia.

Mas, para um país que se encontra isolado por décadas deste mercado internacional, os ajustamentos são de extrema dificuldade, até de pessoal especializado para estas negociações complexas, quando se sabe que os japoneses possuem dificuldades para os que envolvem comunicações confidenciais com outros países. Mesmo com todas as limitações, suas necessidades internas exigem que se empenhem na sua capacitação.

O artigo publicado por Leo Lewis e Robin Harding no Financial Times faz uma cuidadosa listagem de todas estas dificuldades, ainda que existam os interesses atuais do governo Shinzo Abe, sabendo-se que a indústria da construção naval japonesa, tendo a Mitsubishi Heavy como a atual figura principal, tem capacidade para a construção de submarinos considerados eficientes.

Existem outros armamentos japoneses, como o tanque tipo 10, aviões anfíbios US – 2 e porta helicópteros classe Izumo, mas que estão concentrados no fornecimento do Sistema de AutoDefesa do Japão, além de outros armamentos.

No artigo de Kaori Takahashi, publicado no Nikkei Asian Review, também se faz uma descrição das intenções dos australianos que pretendem substituir os atuais submarinos da classe Collins por outros mais avançados. A Austrália tem restrições para armamentos atômicos, como os japoneses.

Existe atualmente uma superprodução de armamentos no mundo, inclusive com novos fornecedores não tradicionais, mas todos procuram se manter atualizados, sabendo que envolvem pesados investimentos que sofrem com as restrições econômicas atuais. Trata-se de um grande dilema que os países necessitam superar diante do crescimento do poder militar da China e a redução da capacidade de ajuda dos Estados Unidos. Também as resistências políticas internas do Japão não são fáceis de serem superadas, pois se trata de um país que foi derrotada na guerra e sofreu bombardeios atômicos, mas que também necessita cuidar de sua defesa externa, para a qual os entendimentos com aliados como a Austrália poderia ajudar.



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