Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Agricultura e as Esperanças com a Biodiversidade

14 de setembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Se existe um segmento que continua oferecendo soluções para o mundo, este é o da agricultura, com os avanços tecnológicos obtidos com a ajuda da biodiversidade.

Gráfico que procura mostrar toda a biodiversidade utilizável pela humanidade

Um artigo publicado no site do The Economist ressalta a importância da biodiversidade para a agricultura continuar proporcionando meios para a alimentação da população mundial que poderá chegar a 9,7 bilhões em 2050, segundo estimativas das Nações Unidas. E deve-se lembrar de que somente um quilômetro quadrado da Amazônia brasileira possui mais biodiversidade que todo o Estados Unidos, precisando ser preservada e utilizada por todos.

O artigo lembra que em 1970 uma praga disseminada por um inseto chamado planthopper marron levou a rizicultura de toda a Ásia à ruína. Os cientistas correram para procurar uma solução e localizaram na Índia uma variedade selvagem chamada Oryza nivara que era resistente ao vírus, cruzaram com muitas variedades utilizadas e hoje milhões de agricultores asiáticos utilizam seus descendentes, resistentes às secas, às inundações, aos picos de elevadas temperaturas e a todas as irregularidades climáticas que ocorrem em todo o mundo.

Os avanços que estão sendo conseguidos com pesquisas nas muitas variedades agrícolas asseguram o abastecimento mundial, que contará em 2050 com mais 70% de alimentos do que hoje. 30 culturas fornecem 95% da energia necessária para a humanidade, a partir dos alimentos. Cinco deles, o arroz, o trigo, o milho, o painço (pouco conhecido no Brasil, mas utilizado na Europa por 5 mil anos, como forrageira e produção de farinhas) e o sorgo, fornecem 60% dos alimentos. Produtos agrícolas brasileiros poderiam ter maior importância, como a mandioca e outras da ampla biodiversidade do Brasil, e ajudar nesta lista, isoladamente ou criando variedades com suas participações.

O que preocupa é o fato de muitas variedades disponíveis na biodiversidade no mundo estão desaparecendo, havendo necessidade de ampliar os bancos de dados para preservar suas eficácias por milênios. Estima-se que em 2055, 16 a 22 variedades de amendoim, batatas e feijão fradinho terão desaparecidos com as mudanças climáticas.

O MSB – Millennium Seed Bank na Grã Bretanha, o maior banco de sementes de plantas selvagens do mundo, abriga 76 mil amostras de mais de 36 mil espécies, coordenando as adaptações da agricultura às mudanças climáticas. O Centro Internacional para Pesquisa Agrícola em Áreas Secas, sediada na Síria, foi transferida para o Líbano, contando com 150 mil amostras.

O CIAT – Centro Internacional de Agricultura Tropical, sediado na Colômbia, estuda a conservação de culturas parentes de silvestres, principalmente a mandioca e alimentos básicos como o feijão, para a alimentação de 900 milhões de pessoas pobres em todo o mundo, notadamente na América Latina e na África, contando com mais de 300 cientistas. Também empresas privadas estão ajudando a aumentar sementes de produtos com modificação genética, mas vem se comprovando que o cruzamento com variedades selvagens proporcionam melhores resultados.

Em 2004, foi firmado um acordo de 135 países, o Tratado Internacional sobre os Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agricultura, identificando 35 culturas alimentares consideradas importantes para a segurança alimentar mundial, proporcionando o compartimento da diversidade genética. O Brasil, principalmente com a Embrapa, poderia desempenhar um papel importante em todo este processo.



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