Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Complementos aos Conhecimentos pela Internet

13 de setembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image001O evento Educação 360 promovido pelo O Globo reforça a constatação de muitos especialistas de que a internet, embora seja um instrumento rápido para informações, está estimulando a superficialidade nos conhecimentos.

Zygmunt Bayman na Educação 360

Está se generalizando a ideia de que a internet está promovendo uma superficialidade na educação de todos, começando pelas escolas. O diagnóstico foi partilhado em mesas redondas como as que contaram com as participações dos professores Zeca de Mello, da Coppe-UFRJ e da FGV, Nelson Pretto, da UFBA, e Antonio Simão Neto, curador do Educação 360.

Experiências concretas como as deste site mostram que artigos acessados pela internet na revista The Economist na sua versão eletrônica, disponíveis todas as quintas-feiras quando a versão impressa só chega depois do fim de semana no Brasil, podem estar incompletos. Folheando a revista física sempre acaba enriquecendo a compreensão dos assuntos tratados, pois nem sempre o que é acessado pela internet vem de forma completa, inclusive com publicidades e outras informações que ajudam a completar o contexto. A revista impressa acaba provocando uma reflexão mais profunda, com o uso de outras informações constantes de variadas fontes, como os jornais e outras revistas.

Somente com um espírito crítico, que acaba sendo fomentado pelo uso de bibliotecas, conseguem-se análises mais profundas com variados pontos de vista, para a adequada compreensão dos problemas. Todos possuem conceitos condicionados pelas suas formações, envolvendo também posições ideológicas que podem distorcer as visões de muitos complexos processos onde as simples notícias estão envolvidas.

Quando recebemos comentários sobre os artigos publicados neste site, procuramos estimular os usuários a consultarem outras fontes que sempre enriquecem a compreensão com outras visões. Por maior capacitade que tenham os jornalistas ao procurarem objetividade e isenções, sempre estarão condicionados às suas formações. Parece que confrontar com outras e efetuar reflexões mais profundas acaba enriquecendo a possibilidade de compreensão de muitos fenômenos.

Lamentavelmente, muitas informações são “plantadas” por interessados em conseguir adesões para as versões dos seus autores. E por mais cuidadosas que sejam as metodologias utilizadas para a elaboração de muitos dados estatísticos, elas costumam ser amostragens que não abrangem a universalidade de todas as informações, onde até os censos possuem limitações.

Quando se trata de dados como as das contabilidades nacionais, como o PIB, deve-se ter a consciência que são decorrentes de informações fornecidas pelas empresas. E elas tendem a fornecer as que não colidam com os dados fiscais, pois sempre existem sonegações. Os mesmos são agregados por municípios que não contam com funcionários para tarefas que não lhes proporcionam vantagens.

No caso brasileiro, por exemplo, são novamente agregados pelos Estados para chegarem aos nacionais, dificilmente contando com conferência das informações. Os estatísticos costumam usar a hipótese que nos grandes números os erros eventuais se compensam, o que pode ser uma inverdade. Muitas vezes um município só conta com um funcionário para atender as formalidades estatísticas que vão desde a demografia, saúde, educação até as estimativas de safras agrícolas, como das indústrias e de serviços variados. Nem que fossem gênios, dificilmente seriam capazes de se informar de todos estes e muitos outros dados.

Os analistas chineses se surpreendem quando estrangeiros confiam nos seus dados estatísticos, muito mais precários do que de outros países. As Nações Unidas sugerem metodologias para que os dados dos diversos países sejam comparáveis, mas é necessário muita ingenuidade para admitir que os de países ainda subdesenvolvidos tenham a mesma credibilidade de outros com maiores tradições de elaboração de dados estatísticos, muitos decorrentes de precárias amostragens.

Basta comparar as estimativas eleitorais efetuadas por agências especializadas em amostragens, com os dados que são decorrentes das apurações eletrônicas, como as do Brasil, para se constatar as discrepâncias. Nos Estados Unidos, estes dados são apurados manualmente em muitas unidades da federação, e demandam semanas para se chegar aos dados finais.

Não se pretende, com estas colocações, disseminar a descrença, mas ajudar que se promovam análises mais cuidadosas.



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