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Concerto Inusitado da Obra de Arnold Schoenberg pela OSESP

20 de setembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

clip_image002Mesmo nos períodos de crise pela passa o Brasil, a OSESP – Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo vem executando a sua programação de longo preparo que assombra o mundo, como nesta peça de Arnold Schoenberg apresentada pela primeira vez no Brasil, envolvendo o trabalho de mais de 250 personagens no palco na Sala São Paulo.

O compositor Arnold Schoenberg é considerado, juntamente com Igor Stravinsky e Gustav Mahler, um marco das mudanças da música clássica no século XX

Tivemos a raríssima oportunidade de assistir, a convite da OSESP, ao concerto conduzido pelo maestro Isaac Karabitchevsky da obra Gurre-Lieder (Canções de Gurre), 1900-1911, de Arnold Schoenberg, a primeira efetuado no Brasil. Eram cerca de 250 personagens em palco, entre regente, solistas, músicos da orquestra e coro, numa apresentação soberba na Sala São Paulo. A complexidade de sua apresentação não permite que muitos no mundo tenham a possibilidade de ouvir e ver ao vivo um concerto desta natureza, que tem duração de mais de duas horas, dividido em três partes, com um intervalo.

Entre outros, estavam cinco cantores líricos solistas internacionais e um narrador, músicos do Instituto Baccarelli e da orquestra da OSESP, os coros de Câmara Franz Liszt de Weimar, da OSESP e o Coro Acadêmico da OSESP, regido por Isaac Karabtchevsky, num espetáculo raro no mundo. Espera-se que tudo esteja gravado pela televisão e certamente pela OSESP para apresentações ao grande público.

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Maestro Isaac Karabtchevsky regendo na Sala São Paulo

Onde estávamos localizado, no Camarote 12, ficamos a menos de 10 metros do Regente, em cima de onde estava a Orquestra, ao lado do Coro, quase como estivéssemos no palco, podendo acompanhar de perto tudo que acontecia. Como não poderiam ser perfeitos, os solistas cantores líricos estavam virados normalmente para a plateia, numa posição difícil para serem acompanhados por nós.

A peça é longa e a orquestra toca a todo o volume com todos os seus instrumentos e em alguns trechos com os solistas a pleno pulmão. Raramente, conta-se com uma orquestra tão volumosa, e certamente o coro não podia ser comportado de uma vez no seu espaço, tanto que se adotou a manobra do exclusivamente masculino retirar-se sorrateiramente dando lugar ao misto, com o ambiente sem luz, exigindo que as partituras dos músicos ficassem com uma pequena iluminação individual, que deu um toque de magia ao conjunto. Um espetáculo inesquecível visualmente, ao lado da execução maravilhosa da música e dos cantos.

Era um luxo só que não pode ficar restrito a poucos privilegiados presentes, entre eles Fernando Henrique Cardoso, presidente da OSESP. Espera-se que possa ser levado ao grande público pela televisão. Eventos desta natureza mostram que o Brasil conta também do ponto de vista cultural com marcos que nos distinguem no mundo, contrapondo-se às mazelas que nos incomodam.



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