Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Governo Chinês Volta a Dar Importância a Confúcio

21 de setembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: , ,

clip_image002A importância que as autoridades chinesas, a partir do presidente Xi Jinping que visita os Estados Unidos nesta semana, voltam a dar às ideias de Confúcio começam a gerar especulações que a atual crise, com a desaceleração do seu crescimento e dificuldades na Bolsa de Valores da China, induz a possibilidade de fusão de alguns conceitos do atual socialismo com as bases da antiga cultura chinesa.

Gigantesca estátua de Confúcio em frente à Academia Confúcio na China

Todos sabem que nos períodos de Marx, Lenin e Mao Tsetung, quando o capitalismo de Estado era a orientação básica, ideias como de Confúcio que atribuíam importância aos respeitos aos mais idosos, sábios e as famílias, bem como dando importância às orientações morais, resultando numa hierarquia da sociedade não eram as oficiais.

Agora Xi Jinping combate a corrupção, considerando-a um grande mal para a China, acelera o uso do sistema de mercado que ganhou impulso desde Deng Xiaping, mas enfrenta dificuldades como a desaceleração do crescimento econômico e dificuldades para a disseminação do uso das bolsas de valores da China, ao mesmo tempo em que tenta fazer com que o yuan, a moeda chinesa, tenha maior influência internacional. Os valores chineses do passado parecem ter ganho nova importância, sem que haja um nacionalismo exagerado, pois dentro do conceito do País do Meio, aquele país afirma nunca alimentar pretensões colonialistas.

O fato concreto é que estudos como os das tradicionais caligrafias chinesas também ganharam importância, e estão sendo estimulados em institutos como de Confúcio, na China e no exterior, inclusive para a divulgação de sua cultura, disseminação do idioma mandarim, como fomento do comércio internacional.

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Estudiosos chineses observam antigas caligrafias chinesas

Informa-se num longo artigo de Jeremy Page, publicado no The Wall Street Journal, que o professor Wang JIe, de filosofia antiga chinesa, com o suporte do Partido Comunista Chinês, está dando conferências exortando os chineses a incorporarem conceitos de tradição filial e retidão moral nas vidas pessoais e profissionais. Também tem dado aulas no Ministério da Cultura como no do Comércio. Estes acontecimentos dão o pano de fundo da visita de Xi Jinping aos Estados Unidos.

Existem críticos estrangeiros sobre estas atuais orientações chinesas, mas parece que um país com uma longa história de mais de 5 mil anos e uma respeitável cultura que veio contribuindo para a Humanidade, com as inovações tecnológicas mais importantes como ressaltado por Joseph Needham, da Universidade de Cambridge, que muito estudou sobre aquele país, não devem criar preconceitos deste tipo. Há que se respeitar os países, suas culturas e histórias, e saudar suas contribuições quando caminham no aperfeiçoamento da coexistência de todos no mundo em que vivemos.

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Foto de um casamento tradicional na China, dentro da orientação confuciana

O que está se constatando hoje na China é que suas tradições históricas também estão sendo prestigiadas, como nas cerimônias de casamento. Roupas tradicionais voltam a ser utilizadas, como ritos que foram abandonados por séculos. É preciso entender que a influência de Confúcio não se restringe à China, mas espalhou-se pela Ásia, sendo muito preservada entre japoneses, coreanos, vietnamitas e taiwaneses, como outros povos.

O que parece ser uma distorção é o Ocidente pouco conhecer as tradições orientais, onde as da China têm uma importância capital, inclusive no campo político. Na chamada democracia ocidental, ainda que se persiga o máximo de igualdade, é preciso admitir que as diferenças patrimoniais acabam sendo importantes. Deve-se respeitar se uma sociedade deseja se hierarquizar pelas idades, experiências e conhecimentos como acaba resultando da influência confuciana.



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