Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Lógica Incompreensível de Shinzo Abe

10 de outubro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Todos entendem que o Japão está sacrificando a sua ineficiente agricultura no TPP – TransPacific Partnership para conseguir vantagens para a sua economia, aproveitando a competitividade do seus setores industriais e de serviços. Mas um artigo publicado no Japan Today informa que Shinzo Abe fará todo o possível para passar a agricultura japonesa de defensiva para ofensiva, como se o discurso e a intenção fossem capazes de modificar a dura realidade.

A lógica adotada por alguns líderes políticos contrariam as razões dos economistas, como se a dura realidade pudesse ser alterada com discursos e manifestações de vontades. Para usufruir das vantagens do TPP – TransPacific Partnership para seus produtos industriais e serviços, o Japão está sacrificando o seu pouco competitivo setor agrícola, reduzindo as tarifas de importação de muitos alimentos que não contam com escala nem tecnologias, dependendo dos esforços abnegados dos seus idosos que ainda insistem em se manterem ativos, competindo com os produtos norte-americanos e australianos.

Os japoneses diferem totalmente de posições como dos franceses que entendem que a atividade rural de pequena escala é uma marca do seu estilo de vida, necessitando ser protegido, ainda que muitas produções artesanais sejam de elevado custo, mas contam com qualidades diferenciadas e reconhecidas.

O ministro da Agricultura do Japão anunciou que tarifas de metade dos 834 produtos agrícolas sujeitos a impostos serão eliminados com o TPP. Envolvem laranjas, ketchup, salsichas, línguas bovinas, salmão e outros produtos onde os japoneses não são competitivos. Algo similar ocorrerá com as cerejas e maçãs. O custo da alimentação importada será mais baixa que a atual, o que é uma dura realidade, embora precise ser enfrentada. Ainda que estas eliminações de tarifas devam ocorrer de forma paulatina.

A importação de arroz, tanto norte-americano como australiano, contará com aumento das cotas, também de forma paulatina. As compensações ocorrerão com o aumento de autopeças japonesas para os Estados Unidos e veículos japoneses para a Canadá, por exemplo.

O setor rural japonês já vinha se reduzindo, e no futuro próximo acelerará esta perda de importância, esperando que o Japão seja compensado em outros setores, considerando o interesse nacional. Não há discurso que possa alterar esta dura realidade, mesmo que incentivos substanciais sejam dados para setores específicos de elevada tecnologia, mas sempre em pequenos nichos isolados.

Shinzo Abe, que já está com o seu prestígio popular baixo, deverá sofrer novos abalos, imaginando que está defendendo o interesse nacional, com a forte aliança que manterá com os Estados Unidos, notadamente na segurança militar internacional, tornando-se um parceiro menor neste acordo. Parece mais conveniente que ele aceite esta dura realidade, do que insistir em afirmações que não fazem justiça a sua inteligência.



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