Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Empresas Multinacionais de Origem Brasileira

30 de outubro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Um suplemento do jornal Valor Econômico sobre a ampliação dos investimentos de empresas brasileiras no exterior apresenta facetas interessantes que necessitam ser considerados por todos os empresários, com os devidos cuidados.

Ilustração constante da matéria publicada no suplemento do Valor Econômico

O artigo elaborado por Felipe Datt menciona ter havido outros movimentos no passado no mesmo sentido que volta a ganhar impulso com as limitações das expansões da economia brasileira. O movimento estaria detectado na edição 2015 do Ranking das Multinacionais Brasileiras, da Fundação Dom Cabral.

Tudo indica que a política econômica brasileira, deixando de usar o câmbio como um instrumento para redução das pressões inflacionárias, acabou provocando a desvalorização, tornando muitos produtos exportáveis do Brasil competitivos em mercados externos. Para se contar com o apoio indispensável no exterior, as empresas brasileiras necessitam contar com filiais ou escritórios para acomodar o seu pessoal que se dedica a estas atividades.

Também existem queixas sobre os elevados impostos no Brasil bem como os juros elevados, além das demais condições que costumam ser englobadas como custo Brasil. A exportação acaba ficando com tributações reduzidas e os juros relacionados com o comércio externo habitualmente são mais baixos que os locais. Além disso, muitas empresas que são obrigadas a importar produtos procuram efetuar um hedge das variações do câmbio nos seus compromissos, contando com receitas em moedas estrangeiras.

Ainda que os custos dos investimentos no exterior fiquem elevados com o câmbio atual, existem possibilidades de se obter recursos no exterior, tanto do mercado de capitais, financiamentos como possíveis parcerias com grupos estrangeiros. É evidente que mercados em expansão no exterior são atrativos, quando o brasileiro passa por um período de baixa que pode perdurar por algum tempo.

Também houve períodos em que os investimentos foram efetuados no exterior para garantir acesso a matérias-primas, equipamentos e tecnologias. Em alguns casos, até produtos industriais no exterior acabavam sendo mais competitivos com as importações do que as produções no Brasil.

A experiência no exterior também permite identificar oportunidades de investimentos tanto pelas exportações como até para a produção no Brasil, utilizando o chamado efeito demonstração. Algumas empresas chegam a produzir componentes ou efetuar montagens no exterior, com custos de recursos humanos mais atraentes, o que já está sendo corrigido pelo atual câmbio. O acesso às tecnologias estrangeiras também acabam sendo facilitadas.

Na chamada nova economia, com fortes flutuações em muitas variáveis, acaba-se minimizando os riscos globais na medida em que se atua em diversos mercados, pois as variações terminam sendo diferenciadas pelos diversos países, dentro de um conceito próximo de um portfólio. Também as exportações para mercados desenvolvidos podem contar com facilidades maiores utilizando estruturas logísticas ou de comercialização de outros países.

Portanto, estas ampliações no exterior sempre são bem-vindas, mas exigem cuidados, pois as culturas empresariais costumam ser diferentes, exigindo as devidas adaptações tanto para utilização de pessoal local como os mecanismos de comercialização. Os riscos são menores quando se tratam de commodities que são padronizados no mercado internacional.

Muitos grandes grupos brasileiros contam com receitas externas maiores do que as obtidas no Brasil. Mas é preciso considerar que em qualquer mercado não existe somente períodos de expansão, mas também de reduções ou fortes flutuações, havendo necessidade de sempre se considerar a minimização destes riscos. Minhas experiências pessoais em muitos lugares do mundo indicam que sempre existem dificuldades nem sempre conhecidos dos brasileiros. Seria conveniente parceiros que conheçam as entranhas dos relacionamentos existentes em quase todos os países, notadamente nos envolvimentos com suas autoridades.



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