Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Mundo Sem a Pax Americana

26 de outubro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: , , ,

clip_image001Steven Simon e Johatham Stevenson são estudiosos norte-americanos sobre questões geopolíticas hoje relevantes e publicam em conjunto um artigo no Foreign Affairs, que mostra o quadro desconfortante onde aparecem problemas de diversas naturezas, notadamente no Oriente Médio, com o fim da Pax Americana. Também exigem novas posturas diplomáticas na Ásia.

Tropas norte-americanas no Oriente Médio

Ruim com eles, pior sem eles. Uma longa análise efetuada por Steven Simon e Jonathan Stevenson, especialistas norte-americanos nas questões sobre o Oriente Médio, foi publicada no Foreign Affairs, fazendo também uma análise histórica recente, mostrando as tensões que estão eclodindo em todo o mundo sem a Pax Americana, sem condições de ser sustentada.

Os problemas não se restringem aos atuais com avanços, como da Rússia na Síria, onde o Irã também volta a aumentar a sua presença no Oriente Médio, enquanto Israel agrava a situação de convivência com os palestinos, deixando os países árabes numa situação desconfortável. O confronto dos Estados Unidos e seus aliados na Ásia necessita de entendimentos dos ocidentais com a China, pois não existem condições para o agravamento das tensões com aquele país. O evidente enfraquecimento dos Estados Unidos não permite mais o exercício do papel militar que tentaram nas últimas décadas desde a guerra do Iraque, agravado pelos ataques de 11 de setembro no próprio território norte-americano. A eficácia norte-americana acaba sendo questionada por muitos, inclusive no próprio Estados Unidos, com a titubeante posição de Barack Obama e do Congresso.

Apesar de muitos contestarem a falta de um sistema democrático na China e a cambaleante situação da Rússia, inclusive com os seus vizinhos, as dificuldades dos norte-americanos bem como dos europeus não criam condições para a estabilidade mundial. As limitações militares acabam gerando a esperança de que a recuperação econômica gere algumas condições favoráveis, quando problemas de estabilidade e envelhecimento relativo da população mundial geram novos encargos.

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Forças navais dos EUA marcam presença no Mar da China

O artigo lista a longa série de intervenções militares fracassadas pelo mundo que custaram muito para os Estados Unidos sem resultados expressivos, pelo contrário, são questões que continuam perdurando com variados atritos e novas variações que vão desgastando os aliados dos norte-americanos.

Os analistas apontam que os Estados Unidos, na circuntância atual, voltaram ao normal, mas a situação de alguns dos seus aliados, como a Arábia Saudita, acaba se agravando. Os norte-americanos conseguiram livrar-se da necessidade da importação de energia, mas também seus aliados não conseguem expressivos resultados com os atuais preços dos derivados de petróleo, passando a enfrentar problemas internos com novos agentes políticos.

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Secretário de Defesa dos EUA em visita à Arábia Saudita

O artigo menciona que não existe caso em todo o Oriente Médio onde as soluções geraram situações confortáveis para os norte-americanos, mesmo nos episódios como no Egito, que está em razoável equilíbrio, mas com novas ditaduras. Não se consegue neutralizar o Estado Islâmico com suas variações locais. O artigo aponta que mesmo que os Estados Unidos se mantenham poderosos, eles continuam impotentes.

Mesmo onde aparentam terem obtidos vitórias militares, as populações locais continuam com dificuldades econômicas, não indicando que se posicionam a favor dos Estados Unidos. Também as organizações internacionais nas quais os norte-americanos tinham peso, como na NATO, sua influência parece declinante. Talvez o caso mais evidente seja o AIIB – Asian Infrastruture Investment Bank, onde até os principais aliados norte-americanos ficaram do lado da China.

Os autores deixam claro que sem resultados militares, o caminho possível acaba sendo uma nova política externa do ponto de vista diplomático, mas parece que os Estados Unidos não se preparam para tanto, nem seus aliados interpretam que já não podem contar com a sua ajuda.



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