Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Irã Que Surpreende o Mundo Após o Longo Boicote

25 de novembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

clip_image002Sou daqueles que não concordam com o boicote a um país por não estar de acordo com sua ideologia. Os norte-americanos costumam separar os amigos, vistos como anjos, e inimigos, que considerados demônios, como até recentemente eram classificados os iranianos, antigos persas.

A população iraniana percorrendo o Bazar recentemente, numa foto do artigo do Foreign Affairs, muito semelhante ao que vê em Istambul ou Jerusalém

Os Estados Unidos começaram a boicotar o Irã desde a revolução islâmica de 1979 e as Nações Unidas impôs a sanção a partir de 2006. Um artigo elaborado por Masoud Movahed, formado na Universidade de Nova York, e publicado no Foreing Affairs informa que o Irã conta com 20% de sua população formada no curso superior, tem cursos de engenharia considerados entre os melhores do mundo. Agora, apesar de continuar dependendo da exportação do petróleo, depois de desvalorizar sua moeda e sofrer forte inflação, prepara-se para a sua reorganização, conseguindo performances superiores às do Brasil e da Índia, com ótimos índices de desenvolvimento humano, que melhorou 67% ao longo da última década.

A taxa de alfabetização dos jovens do país chega a 98%, a expectativa de vida passou de 54 anos em 1980 para 74 anos em 2012, e pelo poder de paridade de compra já é o 20º do mundo. Sua indústria automobilística passou a do Reino Unido e da Itália, informação surpreendente para quem procura acompanhar o que acontece no mundo. Mostra a importância dos seus recursos humanos.

Quando a minha filha informou-me de sua pretensão de conhecer o Irã, confesso ter ficado assustado, mas o seu relato era que ela foi muito bem recebida, e mesmo famílias de desconhecidos a convidavam para almoçar em casa. Quando seguiu viagem, prepararam um lanche para a jornada, sem nenhuma cobrança. Seria uma mostra da qualidade de sua população, ainda que tenha passado por necessidades. E os norte-americanos os consideravam demônios. Hoje, o Ocidente necessita da ajuda dos iranianos para combater o Estado Islâmico.

A Sharif University of Technology é considerada a MIT do Irã, reconhecida pelo Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Stanford. Seus formados estão trabalhando no país na indústria automotiva, de construção, aeroespacial, telecomunicações, máquinas e ferramentas e petroquímica. Com a suspensão do boicote, seus produtos serão exportados, mas terão que competir com as receitas do petróleo. Já possuem pesquisas de célula tronco e nanotecnologia.

O atual presidente Hassan Rohani ainda terá que completar as mudanças passando por uma política competitiva, deixando o populismo do passado. O Banco Mundial reconhece que a recuperação está começando. Deve, segundo o autor, promover a exportação de produtos não petrolíferos, como a China, a Malásia, a Coreia do Sul e Taiwan, utilizando toda a capacidade dos seus recursos humanos.

Os estrangeiros já estão de olho no Irã, contando com os jovens de boas formações. Os demais países emergentes como o Brasil precisam considerar a importância histórica que vem desde a antiga Pérsia e não confundir problemas religiosos, pois eles se diferenciam de muitos povos árabes, mesmo sendo muçulmanos.



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