Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Diferenças de Etnias e Culturas na China

12 de janeiro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Um artigo de excepcional qualidade cultural foi publicado por Andrew Jacobs no International New York Times, mostrando como a diversidade que existia na China está sendo suprimida pela maioria dominante, que usa o mandarim, eliminando as culturas das minorias e seus ricos idiomas, como acontece com o Manchu, do Qapqal Xibe Autonomous County.

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Mapa constante do artigo no International New York Times

As informações para o artigo foram obtidas com Mark C. Elliott, um especialista em Manchu na Universidade de Harvard. Alguns milhares de soldados Manchu saíram em 1764 do nordeste da China para a mais distante fronteira dominada pela Dinastia Qing, na Ásia Central, região hoje conhecida como Xianjiang, que tem como referência Qapqal.

Eles gastaram 18 meses na jornada para pacificar a fronteira oeste, deixando suas famílias. Mas tiveram que ficar na fronteira, apesar da saudade dos seus lares, e um dos seus descendentes, Tong Hao, junto com outros 30 mil, hoje se considera Xibe, uma curiosidade etnográfica e uma bonanza linguística. Xibe se tornou a última reserva dos que falam Manchu, depois que os do nordeste desapareceram do que foi no passado um dos impérios poderosos do mundo, dominando da Índia até a Rússia, o que hoje seria a China.

Depois da revolução de 1911 que terminou com cerca de 300 anos da Dinastia Qing, o mandarim chinês arrasou o manchu, que só sobreviveu no longínquo extremo noroeste do país. Para Mark C. Elliot, é como hoje se encontrasse um povo falando latim, permitindo conhecer muito do que foi o Manchu e sua história.

Lamentavelmente, os jovens não estão interessados nestas sobrevivências de mais de 300 idiomas vivos na China, todos falando o dominante mandarim, restringindo os idiomas minoritários. O manchu de Xibe foi formado de forma simples, que permitia conhecer outros idiomas com maior facilidade como os sons relacionados os idiomas dos uighurs, cazaques, mongóis, e mesmo russo, turco e coreano. Com a restrição atual aos da etnia Uighurs como Cazaques na China tendem a desaparecer os que reproduzem sons de outros idiomas. Isto explicaria também a facilidade de muitos chineses no domínio de idiomas estrangeiros.

Não são somente idiomas, mas também objetos relacionados com estas culturas que estão armazenados no que seria um museu, mas que pouco interessa aos jovens de hoje. Parece um exemplo vivo da diminuição da diversidade cultural que se observa também em outras partes do mundo, que empobrece a humanidade.



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