Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Estudos de Acadêmicos Norte-Americanos Sobre a China

5 de fevereiro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

clip_image002Robert Barro (foto) é um dos mais destacados economistas no mundo, professor da Universidade de Harvard, que está estudando sobre o futuro da China nos próximos anos. Algo semelhante tem acontecido com Jeffrey Frankel, da mesma Universidade, e Olivier Blanchard, do MIT, todos consagrados acadêmicos norte-americanos mostrando-se preocupados com o que vai acontecer na China, que tem uma importância elevada na atual economia mundial, inclusive sobre países emergentes como o Brasil.

Estes acadêmicos norte-americanos estão entre os mais capazes no mundo atual e estão preocupados com a desaceleração do crescimento chinês, que tem repercussões no comércio internacional. A análise de Robert Barro baseia-se em seu modelo que acompanha os acontecimentos no mundo nas últimas décadas, com estudos comparativos de muitas economias, sugerindo que o crescimento dos próximos anos na China pode ser inferior ao esperado pelas autoridades daquele país

Já efetuaram comparações internacionais com o modelo que considera efeitos como os da melhoria do estado de direito, abertura para o comércio internacional, maior expectativa de vida, menor fertilidade, maiores taxas de poupança e inflação mais baixa. E existem desvios quando comparados com os dados passados da China, devidamente explicados. No período 1960 a 1990, os resultados foram de um crescimento de 2,5% ao ano, quando o modelo indicava a possibilidade de 4,9%, sendo que problemas como a Revolução Cultural provocaram parte destes desvios.

Os dados para 1990 a 2014 do modelo indicam crescimento de 4,6% ao ano, e os resultados anunciados foram de 7,5% havendo uma suspeita que tenha havido uma manipulação das contas nacionais. Este crescimento pode ter ocorrido, mas não se pode descartar a possibilidade de uma contabilidade criativa.

Os dados para 2015 a 2020 indicam 3,5% per capita, segundo o modelo, mas os dados oficiais estão acima, algo como 5,6% ao ano, o que aparenta um otimismo exagerado. Sempre pode haver erros do modelo que são somente indicadores gerais, mas a experiência internacional indica baixa possibilidade para a manutenção de um crescimento superior a 5% no longo prazo. Existe uma suspeita acadêmica que há dificuldades para superar o crescimento quando se chega à renda per capita de US$ 10 mil, a chamada armadilha da renda média, sendo somente superável quando se chega a US$ 20 mil.

Os dados indicam que isto é um mito, segundo o autor. Ainda assim, mesmo confiando na capacidade chinesa, não parece se chegar a ponto do otimismo das autoridades daquele país. Não se chegar às metas gera tensões políticas, havendo tentações de registrar-se uma manipulação oficial.

Mesmo com todas estas considerações e outras que podem ser mais detalhadas, parece certo que não existe um determinismo, e o resultado final vai depender tanto das autoridades como da população, pois muitas ações ainda dependerão do que será feito daqui para adiante. Estes estudos oferecem referências importantes, mas nunca são exatos.



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