Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Balanceamento das Relações dos EUA com a Ásia

7 de março de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

grahamAinda que os discursos de Barack Obama como da Hillary Clinton tenham reconhecido que existe uma nova realidade atual na Ásia, suas decisões não foram operacionais para que houvesse um rebalanceamento geopolítico dos Estados Unidos com a Ásia, notadamente com a China.

Graham Webster, da Yale University, é considerado um analista de geopolítica importante para assuntos asiáticos

Na imprensa mundial, a Foreign Affairs é considerada como um dos jornais mais importantes para análises de assuntos geopolíticos. Graham Webster, da Yale University, acaba de publicar um artigo neste jornal sobre a necessidade de rebalanceamento das ações norte-americanas para a nova realidade da região, deixando o campo somente dos discursos para passar para ações operacionais.

Todos reconhecem que a Ásia aumentou a sua importância econômica, política e militar no mundo, principalmente com o desenvolvimento ocorrido nas últimas décadas na China, o que vem sendo reconhecido tanto por Barack Obama como pela Hillary Clinton quando ela era secretária de Estado. Mas isto parece estar ocorrendo somente nos discursos sem que se transformem em decisões operacionais diante desta realidade, que exige que os Estados Unidos tenham novas prioridades mundiais. O assunto foi tratado com propriedade por Graham Webster.

Os Estados Unidos tentam intensificar seus relacionamentos com os países do ASEAN – Associação das Nações do Sudeste Asiático, como procuram intercâmbios com as autoridades militares da China para evitar acidentes. No entanto, quando se tratou do AIIB – Asian Infrastruture Investment Bank, liderado pela China, mesmo os mais tradicionais aliados dos Estados Unidos aderiram à iniciativa, começando com o Reino Unido, sem que os norte-americanos conseguissem evitar, o que ocorreu somente com o Japão. Até a Austrália também aderiu à iniciativa chinesa.

Segundo o artigo, apesar de alguns entendimentos de cúpula com relação ao uso do Mar Sul da China, os norte-americanos não estão conseguindo inibir os chineses a aumentarem suas influências, inclusive militar na região, afetando interesses de aliados como Myanmar ou Filipinas. A conclusão é que o reequilíbrio dos Estados Unidos com a Ásia falhou, pois as duas que poderiam ser as principais ferramentas não funcionam.

Mesmo o TPP – TransPacific Partnership aparenta mais a manutenção do status quo que inovações que determinem um novo papel para os Estados Unidos na região. O que deve se reconhecer é que os norte-americanos estão com limitações de recursos e militares para estas missões, necessitando do apoio dos aliados.

Enquanto isto, a China prossegue no seu desenvolvimento ampliando suas influências geopolíticas na região, apesar dos receios existentes em muitos países. Para o autor, os Estados Unidos devem trabalhar com seus parceiros determinando onde deve dar prioridade para as suas atuações, se desejam coibir os avanços chineses. Os mecanismos hoje existentes não são suficientes para o reequilíbrio na região.

Existem outros assuntos a serem explorados, como as questões de segurança cibernética que os norte-americanos precisam definir com os chineses, dentro de um razoável consenso internacional. Acaba se admitindo que os Estados Unidos deixaram de exercer o papel que tinham no mundo, o que provoca consequências preocupantes para todos os países.



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