Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Competência na Administração Econômica da Índia

12 de maio de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002A Índia conta com muitos competentes administradores econômicos que sabem definir prioridades, escolhendo a estabilidade como condição para o desenvolvimento, diante das atuais dificuldades mundiais.

Raghuram Rajan, presidente do Banco Central da Índia, ex-professor da Universidade de Chicago

Num artigo publicado por Raghuram Rajan no Project Syndicate, ele deixa claro que a Índia, como outros países emergentes, luta com as dificuldades do mundo atual, onde os países desenvolvidos provocam influxos e refluxos de recursos, exigindo que a política monetária necessite neutralizar estes efeitos, criando uma plataforma nacional de estabilidade macroeconômica para construir o desenvolvimento. Foi um dos aspectos onde o Brasil falhou pela falta de visão dos seus dirigentes, pensando que os benefícios dos aumentos dos preços das exportações fossem decorrentes dos esforços internos, não os aproveitando para manter seus mecanismos de geração das divisas externas, e os utilizando para os benefícios sociais e exagerados investimentos em programas como o do pré-sal, usando-os quando ainda não estavam maturados.

A Índia é uma economia que apresenta problemas até mais graves que as brasileiras, mas as pressões para manter o crescimento econômico são controladas, dando prioridade para a estabilidade, como condição indispensável para o crescimento futuro. Reconhecendo suas limitações, procura melhorar os processos de falência, as condições do seu sistema bancário, e mantendo a inflação ao nível de 7% mesmo com as dificuldades de duas secas terríveis.

Depois de décadas, o comércio mundial cresceu mais lentamente do que a produção global, reconhece o autor. Ainda que os serviços tenham se ampliado, e são importantes para a Índia, constata-se que a capacidade ociosa está elevada, notadamente por causa da China, não permitindo crescimentos indianos como do passado. As condições do comércio internacional se alteraram. O câmbio foi desvalorizado em cerca de 6% como uma alternativa, que se favorece as exportações acaba reduzindo o salário real.

Pensa-se no câmbio nominal efetivo, pois outras moedas também estão se desvalorizando, provocando uma inflação mais elevada. O câmbio é entendido como uma das medidas para manter a competitividade que também depende do aumento da produtividade mediante a inovação. O autor reconhece que não economistas defendem uma moeda forte, pois os custos na Índia acabam superiores aos do exterior.

O Banco Central da Índia procura manter um câmbio de acordo com o mercado, sem artificialismo que possa beneficiar uns ou outros. O autor propõe que a Índia aumente a sua produtividade com melhor infraestrutura, capital humano, simplificando as regulamentações e tributações, melhorando o acesso ao financiamento. Um programa de alto nível que seria desejável também no Brasil.

E para finalizar o artigo, ele considera que subsidiar um setor industrial acaba matando-o. Ele entende que a função das autoridades é permitir que as atividades privadas procurassem seus caminhos, sem o governo indicar o seu curso. É de se invejar esta clareza de interpretação, que seria desejável para o novo governo brasileiro.



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