Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Planos Para a Economia Brasileira

31 de maio de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , | 2 Comentários »

clip_image002Os cursos de economia podem sugerir os planos exequíveis para o Brasil, mas está verificando-se que as restrições principais são políticas, sendo difícil convencer a população e seus representantes que, lamentavelmente, existem limitações de recursos a serem utilizados para os consumos indispensáveis e os investimentos desejáveis para um desenvolvimento sustentável do país.

Mapa do Brasil sobre uma foto obtida por um satélite

O Brasil possui condições geográficas invejáveis, dotado com recursos naturais como poucos países no mundo, com abundância de terras cultiváveis, grandes reservas minerais, um clima que vai do tropical para o temperado, contando com uma população relativamente jovem e ainda em crescimento, miscigenada não somente do ponto de vista racial como cultural. Mesmo assim, parece que não conseguimos chegar ainda a um sistema político democrático adequadamente organizado para administrar o país de forma eficiente.

É exagerado o número de partidos políticos, superior às opções ideológicas disponíveis no mundo, não se conseguindo que o sistema representativo e federativo limite seus gastos e investimentos aos recursos econômicos já produzidos. Com a falta de consciência das limitações inevitáveis, abusa-se no uso dos recursos físicos disponíveis na natureza como se fossem inesgotáveis, não se preocupando adequadamente com a sua preservação visando a sustentabilidade no longo prazo. Endivida-se a economia de forma exagerada, a ponto dos investidores externos se preocuparem com os riscos da capacidade de honrar os compromissos assumidos, limitando novos aportes, exigindo elevados custos.

A ausência de grandes limitações naturais parece ter incutido em parte da população pouca preocupação com as necessidades futuras, como se sempre houvessem recursos disponíveis para a sua sobrevida quando precisarem. A poupança para constituir reservas para dias difíceis nunca mereceu a devida atenção. Disseminou-se o direito da população às necessidades sociais que seria providenciado pelo Estado, sem que se providenciasse as fontes dos recursos para tanto. Muitos entendem que podem reivindicar do Estado os atendimentos de suas necessidades legítimas, sem compreenderem que ele não gera recursos, mas somente transfere o que consegue arrecadar da população, com custos exagerados para tanto.

Não existem mecanismos adequados para os eleitores cobrarem dos representantes eleitos o cumprimento das promessas feitas em suas campanhas eleitorais, principalmente do Legislativo. O regime presidencialista vigente no país conta somente com mecanismos traumáticos quando os eleitos para o Executivo não satisfazem as vontades populares. Parece que entre os políticos disponíveis no Brasil há uma redução daqueles que se preocupam com o país, concentrando-se nas vantagens que podem obter somente para si como os grupos que o apoiam, não sendo capazes de pensarem no todo.

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Parte da população manifesta suas insatisfações, mas não consegue ainda se organizar politicamente para contribuir para a solução dos problemas nacionais

O governo interino de Michel Temer concentra-se em criar condições para a aprovação de reformas indispensáveis no Congresso Nacional, adotando uma espécie de parlamentarismo de ocasião. Mas observa-se que as muitas correntes políticas em funcionamento no Parlamento ainda acreditam que existem formas de minimizar os sacrifícios necessários. Sem avanços nestas contenções das despesas ao nível dos recursos disponíveis, que estão diminuindo com a atual crise econômica, não se criam as condições para a volta da confiança dos empresários para efetuar os investimentos indispensáveis, principalmente porque não se podem oferecer financiamentos com juros subsidiados, além de vantagens fiscais.

As sugestões dos economistas que aparecem na imprensa se prendem, na sua maioria, a questões financeiras e das contas públicas, que são relevantes, mas parece que o chamado lado real também merece a atenção indispensável.

Diante destas dificuldades, há que se traçar o mínimo de objetivos de longo prazo, com um diagnóstico claro de quais setores da economia brasileira teriam maiores possibilidades de se tornarem competitivas com relação aos concorrentes internacionais. O candidato natural acaba sendo os que utilizam os recursos naturais disponíveis no Brasil, como os produtos agropecuários e os que utilizam matérias-primas minerais, aos quais podem ser acrescidos de valor adicionado. Deve-se aproveitar o relativo atraso atual que se registra nas ampliações das exportações brasileiras, deixando espaços para os possíveis aproveitamentos do mesmo. O mínimo de correção cambial já demonstrou que as contas externas podem se tornar superavitárias a curto prazo, e se o câmbio não pode ser mais aceleradamente desvalorizado com as preocupações inflacionárias e das reduções das taxas de juros, há que se acelerar outros mecanismos complementares que possam ajudar a aumentar a presença brasileira no exterior, recuperando parte do que foi ocupado principalmente pelas economias asiáticas nas últimas décadas.

Tudo isto ajuda na ampliação do emprego, ainda que os salários reais sejam contidos pela desvalorização cambial, que é sinônimo da mudança dos preços relativos, o que nem sempre é compreensível para o grande público. Assim sendo, os políticos teriam condições para aceitar as mudanças que aparentem serem mais suáveis.


2 Comentários para “Planos Para a Economia Brasileira”

  1. Mauricio Santos
    1  escreveu às 19:35 em 2 de junho de 2016:

    Muitos economistas falam que o cambio de equilíbrio seria em R$ 3,80
    Quanta inflação teria se que haver nos setores chaves que necessitam de importação, para diminuir is efeitos do aumento no dólar?
    São só ideias entre as varias possíveis.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 09:29 em 3 de junho de 2016:

    Caro Mauricio Santos,

    O câmbio tem efeitos diferentes para cada empresa, mas na média, muitos acham que R$ 3,40 seria o suficiente, mas todos choram e procuram o que seria de maior vantagem para suas empresas. A conveniência é que as empresas importassem o que precisam, mas também exportassem o que fosse possível, para compensar os seus efeitos sempre que possível.
    Todos os produtos tendem a possuir alguns componentes importados, mesmo que sejam máquinas que utilizam ou tecnologias que compram, além de financiamentos em moeda estrangeira quando operam internacionalmente. Os pesos destes custos em moeda estrangeira são diferentes em cada produto ou empresa. Economia é um pouco mais complexa do que parece.

    Paulo Yokota


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