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Intervenção Governamental no Mercado de Café

28 de julho de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: , ,

O café já deixou de ter a importância do passado na economia brasileira, não se justificando mais que o governo continue tentando controlar seus efeitos. Havia uma possibilidade de diminuição da máquina administrativa do governo com a sua extinção neste setor.

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Gráfico do artigo no Valor Econômico

Houve períodos na história econômica brasileira quando o café era tão importante que quase tinha o significado de sinônimo do câmbio, que dependia de sua exportação que influenciava nas suas variações como no comportamento das contas externas. Hoje, com o desenvolvimento brasileiro e a diversificação de sua economia não tem mais esta importância, pois passou a ser simplesmente um dos produtos agrícolas com mínimas influências tanto sobre a exportação como preços no mercado interno. Não haveria mais necessidade do governo contar com um setor para ficar intervindo no seu mercado, como está acontecendo no momento.

Já fui responsável da administração da conta café no Conselho Monetário Nacional há muitas décadas e também o representante do governo brasileiro no Conselho Mundial do Café, sediado em Londres, que esperava evitar flutuações exageradas nos seus preços. Parece que não há mais necessidade do governo contar com um estoque regulador, comprando e vendendo para interferir no seu mercado.

No passado, entre o plantio e o início da colheita de café havia um interregno mínimo de quatro anos, o que provocava fortes flutuações que dependiam da ocorrência de fenômenos climáticos, como a geada. Hoje, depois do desenvolvimento do café produzido em renque confinado, no segundo ano depois do seu plantio já se conta com uma colheita razoável. As zonas de produção se deslocaram do Norte do Paraná para até o Oeste Baiano, onde não ocorrem geadas, não se justificando a manutenção de um estoque regulador, nem de aparelhamento administrativo para intervenção no seu mercado.

Como há uma necessidade de economia do custeio governamental, seria uma ideia plausível a sua extinção, não exigindo sequer a manutenção custosa dos seus estoques mobilizando recursos expressivos. Também o mercado internacional do café mudou substancialmente, com o Vietnã tornando-se o segundo produtor mundial, superando a produção colombiana.

Se os preços atuais estão elevados, os produtores serão estimulados a aumentar rapidamente a sua produção e os comerciantes a providenciarem a sua importação, como quando em baixa providenciarão a sua redução e aumentarão as exportações. Passou a ser como qualquer produto agrícola que sofre flutuações naturais, não determinando os destinos da economia brasileira. Deixemos a economia funcionar normalmente, pois os funcionários públicos não contam com qualificações superiores aos agricultores e comerciantes de café.



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