Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Preocupações Mundiais Com a China

29 de julho de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

A importância econômica e política que a China obteve nas últimas décadas no mundo geram preocupações com a redução recente do seu ritmo de crescimento, exigindo reformas substanciais para continuar neste processo. Ao mesmo tempo, os problemas políticos daquele país, agravados pelas competições pela sucessão futura, deixam evidentes as disputas atingindo o presidente Xi Jinping e o premiê Li Keqiang, que preocupam a todos pelas suas repercussões.

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O Produto Interno Bruto Chinês continua crescendo muito, mas a uma taxa mais baixa que no passado

Muitos são os artigos publicados no mundo comentando estes assuntos e todos gostariam de saber como os chineses enfrentarão suas dificuldades. As mais variadas hipóteses são levantadas como paralelos com décadas de estagnação observadas recentemente pelo Japão. Ou que existem sempre problemas em países que chegaram a um determinado nível de desenvolvimento como no caso do Brasil. Outros revelam a confiança que a China sempre encontrou historicamente mecanismos para superar as suas limitações. Ou ainda que, mesmo não tendo as características da democracia Ocidental ou das economias de mercado que conseguirá conciliar o crescimento com as liberdades políticas e acabará por superar os problemas atuais com suas características próprias.

Um artigo publicado por Tyler Cowen no site da Bloomberg refere-se a um novo livro elaborado por Richard von Glahn, intitulado “The Economic History of China: From Antiquity to the Nineteenth Century”, que permitiria uma boa visão do que poderia acontecer naquele país. Cada caso costuma ser diferente, sendo difícil que haja um processo inexorável onde a China possa ser enquadrada, mas pode-se constatar que conseguiram superar muitas de suas dificuldades, de uma forma ou outra, com menos ou mais custos. Que substanciais mudanças serão necessárias, parece razoavelmente consensual.

Uma característica que parece indispensável ser considerada é a forte influência dos ensinamentos de Confúcio na China como em alguns outros países asiáticos. Resultam numa sociedade onde a hierarquia é importante, diferindo da perseguição de direitos iguais para todos os cidadãos, como acontece no conceito de democracia no Ocidente. Os idosos, os transmissores da cultura, os pais, professores e as autoridades são considerados com mais respeito e os mais jovens, os filhos, os estudantes e a população pagam respeitos aos primeiros, não tendo todos os mesmos direitos. Esta é uma diferença fundamental que resultam em quadros diversos.

Também parece relevante considerar que o futuro não está contido no passado, não havendo um determinismo histórico. O que vai acontecer depende da decisão da população e dos dirigentes, ainda que a cultura influencie nas tendências dos acontecimentos.

O autor do artigo, Tyler Cowen, extrai da história da China algumas conclusões que não são da responsabilidade do autor do livro. Como são muitas, os interessados podem encontrar a íntegra do artigo em inglês no http://www.bloomberg.com/view/articles/2016-07-25/seeing-china-through-its-economic-history.

Quando as disputas políticas atuais parecem ampliadas na sua importância pela exagerada concentração do poder nas mãos de Xi Jinping, com membros de outras facções acusados de corrupção, acabam gerando reações naturais. Tudo indica que numa sociedade complexa como a chinesa há que se conseguir uma forma razoável de convivência de grupos que pretendem influenciar nas futuras sucessões, mesmo dentro de um sistema bastante fechado do ponto de vista político.



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