Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Revolução Científica Chinesa

15 de julho de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002O Ocidente sempre teve um preconceito de conhecimentos que não passem pelos seus crivos científicos, mas quando Joseph Jimenez, CEO da Novartis, escreve um artigo sobre a China, publicado pelo Project Syndicate, acaba chamando a atenção de todos.

Foto de Joseph Jimenez, CEO da Novartis

Joseph Jimenez diz que está havendo uma verdadeira revolução científica na China, com avanços impressionantes na ciência e tecnologia. Informa que o McKinsey Quartely registra que a China gasta mais de US$ 200 bilhões em pesquisas por ano, só perdendo por ora para os Estados Unidos, que poderá ser superado nas próximas décadas. Segundo ele, o presidente Xi Jinping, no 13º Plano Quinquenal, incluiu complexos projetos como as pesquisas sobre o cérebro, ciência genética, big data, e robótica médica, entre outros setores. A própria Novartis já vem trabalhando por 10 anos em pesquisa e desenvolvimento na China, tendo, desde 2006, uma primeira instalação e abriu um novo centro em P&D em Shanghai Zhangjiang Hi-Tech Park. É algo expressivo, que não pode ser subestimado e os brasileiros devem invejar.

A China tem grandes necessidade médica, pois se estima que em 2050 tenha cerca de 190 milhões de habitantes com mais de 65 anos. Doenças crônicas são mais de 80% de todas e o mercado de produtos farmacêuticos está estimado a chegar a US$ 1 trilhão em 2020. Outra razão para esperar-se uma revolução é que a China gradua mais universitários nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, cerca de 2,5 milhões, cinco vezes mais que os Estados Unidos. Só em ciência e engenharia produzem 30 mil doutores por ano, segundo o artigo.

Os chineses estão atraindo de volta seus cientistas que estudaram no exterior e, desde 2008 até meados de 2014, já conseguiram o retorno de 4 mil repatriados. Se na área farmacêutica isto está ocorrendo de forma visível, também está acontecendo em outros setores do conhecimento humano. Muitos retornaram para Xangai da Harvard Medical School e do MIT, conhecidos centros dos Estados Unidos.

Incluem profissionais nas áreas do pulmão, fígado e cancros gástricos, bem como doenças hepáticas, fibroses hepáticas e cirrose, que afetam desproporcionalmente os chineses. Hepatite B é quase 30 vezes maior que nos Estados Unidos e cancros no fígado são 11 a 18 vezes maior que nos EUA ou na Europa.

Hoje, os cientistas podem identificar enzimas e modificações epigenética que regulam as atividades dos gens, área promissora de novas terapias oncológicas eficazes. O autor sugere que a China poderia definir um padrão global para a utilização de epigenética para obter uma melhor compreensão das causas subjacentes de doenças onde a Novartis já executa 15 projetos de descobertas de drogas em diferentes estágios.

Todos sabem que os avanços dos conhecimentos científicos e tecnológicos não são isolados por setores específicos, mas os avanços em determinados setores acabam provocando outros em áreas diferentes. Como o Brasil já mantém algumas pesquisas com a China e o atual presidente interino Michel Temer planeja num futuro próximo uma vista àquele país, seriam áreas onde os trabalhos conjuntos também poderiam beneficiar os brasileiros nos tratamento de suas moléstias, como na área do câncer.



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