Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Resultados Eleitorais e Suas Lições Mais Profundas

31 de outubro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , , | 10 Comentários »

Algumas manchetes eufóricas até em importantes meios de comunicação social mostram que as análises atuais dos resultados das eleições municipais estão levando em consideração somente aspectos superficiais, sem que os problemas mais profundos do Brasil estejam sendo focados.

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Manchete da Folha de S.Paulo, como exemplo de muitos outros jornais

A dura realidade brasileira é que os municípios onde começam as atividades políticas do país estão “quebrados” do ponto de vista financeiro e bravatas expressas até pelo eleito em primeiro turno na mais importante Capital do País, São Paulo, como a promessa de congelamento das tarifas de ônibus depende de recursos da União, que não tem condições de atendê-lo. A maioria dos Municípios que não se empenha em contar com receitas tributárias próprias depende fortemente dos fundos de participação das receitas dos governos estadual ou federal, que enfrentam situações embaraçosas como os da Previdência Social, da Saúde, da Educação e da Segurança Nacional. Os Municípios têm pouco poder político para sequer atender os anseios mais legítimos de suas populações, sendo quase coadjuvantes nos processos das decisões que os afetam.

É duro, mas é preciso admitir que nem os partidos existem, embora tenham sido travadas lutas ferrenhas, por exemplo, dentro do PSDB, onde Geraldo Alckmin teria saído como o grande vencedor, eliminando concorrentes do mesmo partido, como Aécio Neves ou José Serra. Os grandes partidos são conglomerações de facções que não se identificam ideologicamente. O PT que está sendo apontado como o grande perdedor, sabidamente não tinha mais a expressão no ABCD, denominado agora de Cinturão Vermelho pela imprensa. Pelo que se sabe, o PT sempre reuniu muitos grupos de trabalhadores e intelectuais, mas recentemente tinha sua base nos muitos funcionários públicos, cujos interesses até se chocam.

Sobre os muitos “partidos” que teriam conseguido eleger prefeitos, sequer se sabe qual a ideologia os inspira e nem suas posições perante os principais problemas nacionais. Admite-se a urgência de que estes nanicos tenham uma exigência de representação mínima, quer pelo número de deputados federais eleitos, como presença eleitoral distribuído por diversos estados, sem sequer se mencionar os municípios, para continuarem existindo.

Parece que o Brasil necessita de um pouco mais de realismo para admitir, como em qualquer país, que as eleições locais não podem ser consideradas determinantes das tendências políticas de um país. Ainda que persista um “ódio” com relação aos dirigentes recentes do Brasil, não se pode contar com a esperança que estas eleições tenham um significado tão forte como todos gostariam que tivessem.

Certamente, além dos graves problemas econômicos, é preciso se conseguir reformas políticas importantes, que parecem não ter sido discutido nas recentes campanhas eleitorais. Atribuir aos resultados que podem ter agradado a alguns, contrariando a outros, não podem ser considerados importantes para o destinos do país, ainda que muitos os desejem.

Existe muito trabalho à frente, nem sempre aceitos pelos parlamentares, para as vontades populares chegarem a provocar mudanças sensíveis nas tendências para a solução dos problemas brasileiros. Seria interessante que os analistas políticos pudessem extrair destas e outras eleições, vitais para a democracia, os caminhos que devem ser seguidos pelo Brasil. Eu, particularmente, não consigo ter a imaginação de que mudanças possam ser extraídas dos seus resultados, além da insatisfação popular com a atividade política, indicada pelas abstenções e votos nulos.


10 Comentários para “Resultados Eleitorais e Suas Lições Mais Profundas”

  1. Simone Aparecida
    1  escreveu às 15:53 em 31 de outubro de 2016:

    Lamentável o resultado das eleições, pois o PT – que é um dos poucos partidos decentes do Brasil – diminuiu o seu poder. Lula e Dilma precisam voltar ou, então, a corrupção irá dominar o país.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 17:45 em 1 de novembro de 2016:

    Cara Simone Aparecida,

    Não parece o que a maioria dos brasileiros pensam.

    Paulo Yokota

  3. Jaqueline
    3  escreveu às 10:55 em 2 de novembro de 2016:

    Quase 82% dos brasileiros querem Lula na cadeia (47,7%) ou aposentado da política (34,1%), diz pesquisa.

    O dado do último levantamento do instituto Paraná Pesquisas referente ao ex-presidente petralha indicam que 47,7% dos brasileiros querem que Lula seja preso pelo juiz Sergio Moro e 34,1% preferem que Lula se aposente da política.

    Ou seja, quase 82% da população, portanto, quer Lula preso ou aposentado, enquanto apenas 15,2% preferem que ele volte a ser presidente.

    Um fim melancólico para qualquer líder de massa.

    Fonte:
    http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/cultura/quase-82-dos-brasileiros-querem-lula-na-cadeia-477-ou-aposentado-da-politica-341-diz-pesquisa/

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 14:24 em 3 de novembro de 2016:

    Cara Jaqueline,

    Obrigado pelo seu comentário.

    Paulo Yokota

  5. Humberto
    5  escreveu às 11:00 em 2 de novembro de 2016:

    Pois é, triste fim do PT…
    Não é à toa que o Jornal Folha de S. Paulo enviou uma repórter a Porto Alegre para entrevistar Dilma Rousseff…

    O resultado foi constrangedor.

    “Ela não fala muito de projetos futuros. Fala menos ainda de política, como se tomasse relativa distância para colocar as coisas no lugar. Também não toca muito no assunto impeachment”.

    Sobre o que ela fala?

    Sobre telemarketing. Seus únicos interlocutores, aparentemente, são os vendedores das operadoras:

    “Às vezes eu finjo ser outra pessoa. Às vezes eu sou a Janete”.

    Dilma Rousseff, quando pertencia a um grupo terrorista, usava o codinome Wanda.

    Agora, em sua casa de repouso mental, ela é simplesmente Janete.

    Triste fim dos petistas…

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 14:23 em 3 de novembro de 2016:

    Caro Humberto,

    Obrigado pelo comentário. Isto tem acontecido também com outros. Parece que o sistema política deve procurar formas para evitar o acesso exagerado de pessoas que não estejam qualificadas para essas funções.

    Paulo Yokota

  7. Mauricio Santos
    7  escreveu às 11:34 em 5 de novembro de 2016:

    A direita vai ter seus quatro anos de poder como ja teve com Fernando Henrique. Isto faz parte do jogo.
    Mas se o desemprego nao diminuir nao tem discurso anti PT o culpando o PT, que garanta a reeleicão de Doria e associados
    A questão será austeriadade garante emprego?

  8. Paulo Yokota
    8  escreveu às 18:06 em 7 de novembro de 2016:

    Caro Mauricio Santos,

    A alternância no poder é uma característica da democracia. Não me parece, no entanto, que tudo esteja tão claro entre direita, esquerda ou centro.
    Parece que nesta eleição ficou mais clara a divisão que existe dentro do próprio partido do Fernando Henrique. A austeridade é uma lamentável necessidade para recuperar parte da possibilidade de crescimento, mas não parece suficiente.

    Paulo Yokota

    Paulo Yokota

  9. Mauricio
    9  escreveu às 12:08 em 12 de novembro de 2016:

    Paulo parabens pelo espaço para o debate de ideias
    Sim politica fiscal responsavel tem importancia tanto que era defendida por Keynes, mas junto com o efeito multiplicador do Estado
    Quanto ao PSDB realmente a um racha entre a turma do Serra e a turma do Alckmin

  10. Paulo Yokota
    10  escreveu às 16:17 em 13 de novembro de 2016:

    Caro Mauricio,

    Obrigado pelo comentário.

    Paulo Yokota


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