Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dificuldade dos Japoneses na Comunicação Social

27 de novembro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002As dificuldades de comunicação social dos japoneses com o resto do mundo aparentam ser mais difíceis do que os usuais. Quando se verificam anúncios de grandes empresas japonesas utilizando a maior empresa de publicidade do mundo fica-se em dúvida sobre os focos destas campanhas, além da imagem geral daquele país. De forma similar, só agora começa a ficar mais claro o que o Japão pretende com a Japan House em São Paulo. (Foto: O designer japonês Kenya Hara que deve orientar os trabalhos da Japan House em São Paulo)

Mesmo para uma pessoa que tenha a dupla nacionalidade brasileira e japonesa, tendo a pretensão de entender o mínimo da cultura do Japão e do Brasil, só agora começo a compreender um pouco do que seria o objetivo da Japan House a ser instalada na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo, mesmo tendo uma noção da iniciativa pioneira similar do que existe em Paris. Para tanto, contribuiu o interessante artigo publicado por Fernanda Mena no suplemento Serafina da Folha de S.Paulo, cuja leitura integral vale a pena.

O famoso designer Kenya Hara deve ser o orientador do conteúdo desta Japan House e ele é o responsável pela grife Muji que, começando com alguns objetos minimalistas, hoje conta com milhares deles comercializados principalmente no Japão, expressando de forma concentrada o que há de importante na concepção japonesa, absorvendo influência de todo o mundo desde o século XV. A chamada Cultura Higashiyama (montanha leste, nascente) cuja expressão das mais importantes é o famoso jardim de pedras que se encontra em Kyoto.

clip_image004

Foto do Jardim de Pedras, no Templo Ryoanji, Kyoto, um dos mais expressivos da cultura zen

Este site já observou que o pequeno imóvel de cerca de 2.600 metros quadrados na Avenida Paulista pertencente a um banco acabou dando a impressão que o projeto teria um alcance limitado, mas é possível que se procure corrigir a distorção da concepção que os brasileiros possuem do Japão, fortemente influenciado pela importante contribuição dos imigrantes. Mas realmente o Japão tem muitas coisas mais relevantes para transmitir para o Brasil, pois os imigrantes contavam com uma prevalência de humildes agricultores, além de desajustados de outras tentativas de colonização na Ásia e até nas Américas.

Além destas importantes contribuições dos imigrantes que não podem ser subestimadas, seria interessante que outras mais sofisticadas do ponto de vista cultural também fossem destacadas, incluindo sempre os exóticos. Quando existe com a atual globalização e as facilidades de comunicação uma inundação de informações superficiais, há se tentar mostrar que também existem contribuições japonesas com destaque na simplicidade.

clip_image006

Alguns exemplos de designs japoneses atuais, como estes relacionados com cães

Mais recentemente, está se procurando informar que o Japão mesmo antes do século XV com a ida dos jesuítas à Ásia já mantinha contatos esporádicos até com os romanos, cujas moedas foram encontradas nas escavações arqueológicas em Okinawa. Além dos chineses, também outros povos tiveram poucos contatos com os japoneses. Mesmo no período que se acredita que os japoneses só mantinham relacionamentos via holandeses, está se constatando que existiam outros intercâmbios que acabaram ocorrendo, até que a abertura da Era Meiji se tornasse uma realidade.

Os japoneses, ocupando um pequeno arquipélago, acabariam sofisticando muitos dos seus conhecimentos culturais, mas na sua maioria também isolados confundiu-se com outros asiáticos que foram aperfeiçoados. O debate de alto nível que deve ser incrementado pode mostrar que existem outras contribuições possíveis num intercâmbio mais profícuo entre o Brasil e o Japão.



Deixe aqui seu comentário

  • Seu nome (obrigatório):
  • Seu email (não será publicado) (obrigatório):
  • Seu site (se tiver):
  • Escreva seu comentário aqui: