Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Lição de Aleppo que não se Pode Omitir

16 de dezembro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: , ,

clip_image002A edição deste fim de semana do The Economist trata com destaque a calamitosa situação de Aleppo, comparando-a com as grandes tragédias mundiais das quais a Humanidade é a responsável. Ninguém pode se livrar desta responsabilidade, nem mesmo nós.

A capa da revista The Economist que merece ser lida nos seus principais artigos

Comparando com as principais cidades do mundo que foram destruídas pela guerra, a edição do The Economist em artigos mais destacados trata da tragédia desta cidade, que era a maior metrópole da Síria. Os aviões bombardeios da Rússia continuam a despejar suas bombas sobre hospitais, escolas, destroços das casas da população civil, centros de abastecimento de alimentos doados e o que resta da população sunita, não sendo possível precisar quantas dezenas de milhares de vidas foram e estão sendo dizimadas. Chegamos a duvidar se somos racionais.

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La Guernica, de Pablo Picasso, retrata os horrores da guerra

É preciso reconhecer que esta tragédia tem origens antigas, desde quando os ingleses e franceses dividiram quase arbitrariamente o Oriente Médio, sem respeitar as regiões que estavam ocupadas pelas diversas etnias árabes, até alguns que perderam sua pátria na Segunda Guerra Mundial. Com todos os desastres que ocorreram mais recentemente no Iraque, no Afeganistão e outras regiões onde houve intervenções diretas dos Estados Unidos e seus aliados, mesmo assistindo às barbaridades cometidas pelos partidários de Bashar al-Assad, os países ocidentais foram incapazes sequer de definições diplomáticas eficazes, deixando que a Rússia aproveitasse a situação para se associar com os sírios que já tinham como aliado o Irã, que é persa e não árabe. Barack Obama ficará com parte das responsabilidades desta tragédia no seu currículo.

As Nações Unidas não foram capazes de evitar o uso de armas condenadas, como gases mortais lançados sobre a população. Países vizinhos como a Arábia Saudita, a Jordânia e o Líbano, sem um mínimo de entendimento, foram incapazes de ações efetivas a não ser meros discursos. Países europeus continuam se recusando a acolher os refugiados destas calamidades.

O novo governo norte-americano, que ainda não se mostrou capaz até agora de entendimentos diplomáticos complexos, terá que definir como desempenhará o papel de país mais importante do mundo, mesmo inspirado num nacionalismo populista até o momento. Muitos líderes estão sendo convocados por Donald Trump, mas o mundo não consegue antecipar qual a orientação será a predominante na sua administração. Enquanto isto, vidas inocentes de crianças e populações civis continuam a ser extintas.

Ninguém pode se calar neste momento, ainda que todos enfrentem problemas em seus países. As ações acabam sendo indispensáveis, ainda que ninguém seja a favor da guerra, pois as forças estão sendo empregadas sobre populações inocentes. Mas qualquer ação que seja decidida terá que contar com análises diplomáticas de mais alto nível. Tratam-se de situações muito complexas para serem executadas por militares e a opinião pública está mostrando cada vez mais a sua importância.



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