Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Rivalidade Índia e China nos Programas Espaciais

27 de janeiro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Um longo artigo de Go Yamada e Shuhei Yamada publicado no suplemento especial do Nikkei Asian Review informa sobre a forte rivalidade da Índia com a China em busca de prestígio, poder e prosperidade na corrida espacial.

 

Capa do Suplemento Especial do Nikkei Asian Review sobre a Corrida Espacial da Índia e a China

Informa-se que o orgulho nacional e a defesa são os principais motivadores da corrida espacial entre os dois gigantes asiáticos, mas também existem considerações práticas como a renda gerada a partir dos lançamentos de satélites, mitigando os problemas com os desastres naturais e monitoramento das colheitas agrícolas. A sonda Mangalyaan da Índia, a primeira da Ásia que atinge a órbita de Marte, percorrendo 670 milhões de quilômetros, foi lançada em novembro de 2013 circulando aquele planeta em setembro do ano seguinte. A China em 2003 tornou-se a terceira a conseguir voos espaciais tripulados, depois da ex-União Soviética e os EUA. Estes países asiáticos têm ambições específicas, desenvolver a sua própria infraestrutura de comunicação de alta velocidade, explorar os recursos naturais, mitigar os problemas com os desastres naturais, além de bloquear contratos de lançamentos de satélites de outras nações, como o Brasil que está se atrasando nestes projetos. Mesmo que disponha da base de Alcântara, muito estratégica para lançamentos de foguetes nas proximidades da linha do Equador, o programa brasileiro não consegue rivalizar com estes dois outros países emergentes.

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Conteúdo dos foguetes indianos que transportam satélites complexos. Foto constante do artigo publicado no Nikkei Asian Review

Uma comprovação dos benefícios práticos foi obtida pela Índia em dezembro último, quando o ciclone Vardah atingiu o estado sulista de Tamil Nadu e o departamento meteorológico daquele país projetou o caminho do fenômeno, evacuando mais de 10 mil pessoas, salvando vidas incalculáveis. A Tata Sky, empresa de TV via satélite, está fornecendo dados para 400 canais com 4K desde janeiro de 2015, num entendimento com a Organização de Pesquisas Espaciais da Índia, o ISRO para usar o INSAT-4A, um sistema de satélite nacional daquele país. A Índia já enviou 142 satélites a bordo de 59 foguetes, ritmo que vem aumentando nos últimos anos. O ISRO tem manuseado 79 satélites para 21 nações, incluindo o EUA, Japão, Canadá, Argélia e Indonésia. As demandas mundiais de satélites estão aumentando e os indianos estão capacitados para atendê-las, como tem manifestado com orgulho o primeiro-ministro Narendra Modi. Eles podem também lançar mísseis nucleares de finalidades militares.

A China vem enfatizando os programas espaciais tripulados. O Shenzhou-11 transportou dois astronautas para o laboratório espacial Tiangong-2 no outono passado, onde permaneceram por 33 dias. A estação espacial chinesa está prevista para 2022.

No primeiro semestre deste ano, a China vai lançar a espaçonave de carga Tianzhou – 1, um local para transporte de suplementos para a estação espacial. A China tem como objetivo estar entre os três primeiros nos voos espaciais em 2030, ao lado dos Estados Unidos e da Rússia. Em 27 de dezembro último, o governo chinês divulgou o plano de desenvolvimento espacial com missões para a Lua e Marte, além de trazer amostras do solo daquele planeta visando à exploração dos asteroides.

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A estação de lançamento de foguetes Long March 5, em Wenchang, na província de Heinan, em foto publicada no artigo do Nikkei Asian Review

A China pretende pousar com uma sonda até o final de 2017 para obter amostras do solo da Lua. A segunda sonda em 2018 será uma tentativa para pousar no outro lado do satélite, que não se conhece, como estabelecer formas de comunicação com aquela parte. Também estão estudando vários métodos para pousar com seres humanos como os já obtidos pelos norte-americanos. Segundo os chineses, os objetivos são prestígio nacional, como vem sendo demonstrado pelo presidente Xi Jinping, estar preparado para a eventualidade de uma guerra espacial e habilitar a indústria chinesa para a produção de todos estes equipamentos.

O sistema de navegação do satélite BeiDou, uma resposta chinesa ao GPS norte-americano, deve permitir abranger todo o mundo, principalmente os que pretendem participar do programa chinês Belt and Road Iniciative de infraestrutura. Devem estar com 35 satélites operacionais em torno de 2020, com gastos estimados em US$ 38,1 bilhões até aquele ano. A China lançou mais de 240 foguetes Longa Marcha até fins de 2016, com 97% de sucesso.

Estes dois gigantes asiáticos, além de suas dimensões em termos populacionais, dispõem de recursos humanos sofisticados para tocarem programas ousados como estes. Ainda que sejam planos para o futuro, o que já fizeram qualifica-os para estes ousados objetivos. O suplemento sobre o assunto do Nikkei Asian Review apresenta outros artigos com considerações profundas, mostrando que não são somente pronunciamentos ousados, mas projetos que contam com todos os detalhes técnicos, orçamentos e cronogramas de execução, sem o que se corre o risco de ficar patinando sem avanços objetivos.



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