Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Lamentável Ineficiência do Grupo Kirin

19 de janeiro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , , , | 2 Comentários »

clip_image002Alguns investidores japoneses revelam total incapacidade para a correta avaliação do valor das empresas brasileiras, como a Kirin que adquiriu por um preço absurdo a Schincariol envolvida em muitas irregularidades fiscais e cuja capacidade de venda era considerada baixa. Agora, anuncia-se a sua venda para a Heineken holandesa por um valor bem menor, registrando um substancial prejuízo, que os japoneses atribuem à recessão no Brasil, que teria reduzido a demanda de cervejas no país, o que não corresponde à verdade.

Quando acontece uma operação de aquisição de um grupo brasileiro por um preço considerado no mercado como muito exagerado, sempre se levantam duas hipóteses: o grupo japonês foi assessorado de forma inadequada ou os executivos que autorizaram a operação sabiam do preço exagerado e cometeram a irregularidade ludibriando os da sua matriz no Japão. Todos no mercado sabiam que a família Schincariol enfrentava uma divergência entre seus membros com as irregularidades fiscais e havia outras empresas brasileiras similares de maior potencial de venda que poderiam ser adquiridas por preços mais modestos. Portanto, na sua aquisição houve problemas e a sua venda atual para a holandesa Heineken por um preço bem mais baixo não se deve à recessão brasileira, o que deve ficar claro no Japão, pois muitos acionistas da Kirin estão sendo ludibriados. Não é a primeira vez que isto acontece, ainda que as cifras atuais envolvidas sejam elevadas.

Esta atual operação foi antecipada por um artigo de Cibelle Bouças e publicada no Valor Econômico. Foi confirmado num artigo publicado no site do Nikkei Asian Review, que atribui a operação à queda da demanda de bebidas como a cerveja devido a recessão da economia brasileira, quando na realidade as razões são outras. Os japoneses afirmam que a Heineken pagará US$ 870 milhões por esta aquisição quando os japoneses pagaram mais de três vezes esta cifra na ocasião de sua compra.

Como se sabe, a Kirin é uma empresa do grupo Mitsubishi, mas outros executivos deste grande aglomerado não se dispunham a discutir os problemas quando da aquisição da Schincariol. Verifica-se que também a Mitsubishi Motors não recebeu o suporte do grupo na recente crise em que foi envolvida, acabando por efetuar uma aliança com a Renault – Nissan visando a sua reestruturação. Deve-se constatar que grandes mudanças estão ocorrendo no Japão com os grandes aglomerados que tiveram origem nos antigos “zaibatsu”, sem as quais estarão enfrentando dificuldades neste mundo globalizado.

O que parece necessário é que o Brasil, apesar de muitas das suas dificuldades, não deve ser responsabilizado pela ineficiência dos executivos de grandes grupos japoneses, pois o artigo do Valor Econômico indica que diversas alternativas estão sendo cogitadas com os grupos cervejeiros no país e a Heineken não estaria fazendo a aquisição atual se não percebesse um potencial para crescimento de suas operações no Brasil, que continua sendo um grande consumidor de cervejas e outras bebidas no mundo.


2 Comentários para “Lamentável Ineficiência do Grupo Kirin”

  1. Carlos
    1  escreveu às 14:22 em 21 de janeiro de 2017:

    No ano passado, as receitas da Brasil Kirin despencaram 25,4%, para cerca 134 bilhões de ienes (cerca de US$ 1,3 bilhão). O resultado da empresa foi muito inferior ao apresentado por todo o mercado de cerveja no País que, embora tenha andado para trás, registrou retração de 2%, segundo dados do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), da Receita Federal.
    Desde que chegou ao País, em 2011, com a compra da Schincariol, grupo japonês caiu da vice-liderança para a 4ª posição do mercado. É fato que a recessão no Brasil reduziu a demanda de cervejas no país, no entanto, não explica a queda de participação de mercado da Brasil Kirin frente aos concorrentes.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 09:58 em 22 de janeiro de 2017:

    Caro Carlos,

    Obrigado pelo seu comentário.

    Paulo Yokota


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