Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

The Economist e a Posse de Donald Trump

19 de janeiro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

O mundo está numa grande expectativa do que pode ser o governo de Donald Trump e a revista The Economist da próxima edição não poderia deixar de refleti-la.

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A capa da nova edição da revista The Economist

O artigo principal da edição do The Economist começa citando o acadêmico britânico David Runciman para quem usualmente a política interessa pouco para a maioria das pessoas, mas também pode provocar uma grande expectativa com fatos como a posse do 45º presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Todos sabem que poucas vezes houve uma radicalização perigosa de posições entre os que o apoiam e os que são contra, diante de suas declarações bombásticas, provocando uma forte celeuma que na realidade pode estar exagerada. Os Estados Unidos contam com um sistema eficiente de Check and Balance e nenhum presidente pode implementar tudo que expressa, pois mesmo no Congresso dominado pelos republicanos existem muitos do seu próprio partido que não compartilham totalmente de suas afirmações.

Os Estados Unidos, mesmo continuando a ser o país líder no mundo, já não podem fazer o que seu presidente deseja, pois o resto do mundo também conta com poder que ficou disseminado e o The Economist ressalta que não se trata de uma empresa, mas um país que precisa conviver com outros que não partilham das mesmas posições. Xi Jinping, presidente da China, expressou em Davos a sua posição mais acentuada de livre comércio, pois o seu país conquistou o status de economia de mercado e ele afirma que mais de 700 milhões de chineses saíram da situação da pobreza absoluta com a globalização, que era o tipo de discurso dos Estados Unidos.

O governo que está sendo esboçado por Donald Trump conta com empresários, militares e até pessoas que vêm expressando pontos de vistas que até não são uniformes nas avaliações a que estão sujeitos no Congresso. Por mais polêmico que ele goste de ser, até as vésperas de sua posse e o que o ajudou a vencer as eleições, ninguém acredita que ele tente governar com estas posições expressas até o momento. Se isto ocorrer, há possibilidade de interrupção do seu mandato pelas formas mais indesejáveis, que lamentavelmente tem ocorrido naquele país.

O fato concreto é que ele está no foco das atenções mundiais, o que parece ser de sua preferência, ainda que provoque desgastes na Europa e com outros tradicionais aliados dos Estados Unidos. E já vem obtendo resultados positivos, como os expressos por importantes empresas automobilísticas do mundo que já explicitaram seus planos de aumentar sensivelmente os investimentos naquele país, até com sacrifício de países vizinhos como o México.

É preciso reconhecer que existiam muitos segmentos até nos Estados Unidos que não estavam satisfeitos com o que os democratas vinham fazendo, que reduziu a sua capacidade de pesquisas básicas e a importância de suas poderosas universidades. Também existem militares que não estão satisfeitos quando a NASA perde a sua hegemonia no programa espacial que veio induzindo outros setores a um rápido desenvolvimento, como o que se observa nas constatações das sensíveis mudanças climáticas que estão ocorrendo.

O mundo acompanha o comportamento de Donald Trump com muita atenção, com preocupações como dos europeus até surpresas como dos seus tradicionais contestadores, entre eles os russos e os chineses. Todos que são mais experientes nas mudanças provocadas pelas políticas internacionais sabem que elas costumam ser mais lentas, pois envolvem grandes massas de interesses que não se alteram tão rapidamente como as expectativas.

O Brasil que não vinha usufruindo de relacionamentos especiais com os Estados Unidos acompanha as mudanças, como o da NAFTA – North America Free Trade Agreement ou a paralisação do TPP – TransPacific Partnership que poderiam colocar alguns dos seus vizinhos em posição mais vantajosas, mas ainda não pode contar com uma situação totalmente diferente. Terá que intensificar os seus relacionamentos com outros blocos e países, para não ficar isolado neste mundo globalizado. Talvez seja uma oportunidade de sair do marasmo em que se encontra, mas para isto terá que ter uma visão mais ampla e muito trabalho de preparação a ser executado com celeridade, pois o tempo não fica aguardando a superação da atual confusão em que está metido.



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