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A Política do Possível

10 de fevereiro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: , , , | 4 Comentários »

Acompanhando o noticiário político brasileiro, constata-se, como sempre, que toda ação acaba provocando uma reação da mesma intensidade em sentido contrário até nas questões relacionadas com aspectos humanísticos. Nem sempre se atinge o ideal, mas o possível nas sociedades humanas. Alguns exageros dos setores relacionados com as promotorias e do Judiciário, no legítimo desejo de acelerarem o combate à corrupção no Brasil, acabaram atropelando alguns procedimentos que deveriam ser mais cuidadosos, extravasando a capacidade de trabalho do Judiciário, criando uma forte reação política dos muitos suspeitos que se espera não provoque um retrocesso, mantendo alguns avanços aspirados pela população.

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O presidente Michel Temer, após intensas consultas políticas, acabou por tomar os riscos de escolhas de nomes que podem ser até controvertidos para cargos de importância para o atual cenário político brasileiro

Ele optou pelo nome do controvertido ex-ministro da Justiça, Alexandre de Moraes para ocupar a vaga no Supremo Tribunal Federal, que deve atender às aspirações de muitos parlamentares e políticos alvos de investigações. Ao mesmo tempo, abre uma vaga no Ministério da Justiça que deve ser ampliado nas suas funções neste momento difícil de distúrbios públicos, sendo que um dos nomes mais cogitados seria a de um jurista consagrado, mas que já fez declarações de reparos com relação à condução do Lava Jato.

O fato concreto é que o juiz Sérgio Moro que ganhou notoriedade e admiração pública comanda com algum exagero o Lava Jato, com a ajuda de uma equipe dedicada, mas desempenhando também um papel como um promotor, ao mesmo tempo em que longas prisões preventivas e de outras naturezas de suspeitos de irregularidades foram mantidas, como se intencionasse provocar delações premiadas por pressões psicológicas sobre os suspeitos. Não parece conveniente que uma só pessoa seja o juiz e o promotor ao mesmo tempo.

Eram notórios os vazamentos de informações sobre os depoimentos que deveriam ser mantidos confidenciais, sem que os responsáveis fossem investigados ou punidos, como se tudo fosse permitido aos que combatem à corrupção. Ainda que legítimos em suas intenções constatavam-se evidentes exageros até usando prazos que não ficavam nos limites dos razoáveis.

A função do político é promover a acomodação de setores da sociedade que tenham opiniões diferentes, pensando no bem público possível e não se restringindo ao ideal. O que se espera é que haja aperfeiçoamentos e avanços e que possíveis erros cometidos na condução de todo o processo não provoquem retrocessos que não ajudem o Brasil. Como sempre, tudo isto é muito difícil, nem haverá possibilidade de contentar a todos, pelo contrário, haverá muitos descontentes.

Há que se pensar também que o Brasil precisa continuar a sua marcha em direção ao desenvolvimento e o prolongamento exagerado deste processo, com os desgastes de grandes grupos econômicos que foram envolvidos no processo precisam encontrar formas adequadas para a preservação de suas potencialidades, ainda que os responsáveis por irregularidades sejam punidos. O palco não se destina aos que procuram destaque na opinião pública, por variados interesses. Ainda estamos aprendendo a usar adequadamente a delação premiada e precisamos ter a humildade para aprender de países onde o seu uso tem sido eficiente.


4 Comentários para “A Política do Possível”

  1. Simone Aparecida
    1  escreveu às 20:01 em 13 de fevereiro de 2017:

    Não entendo o porquê do senhor dar ibope a um golpista como o Temer.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 07:56 em 14 de fevereiro de 2017:

    Cara Simone Aparecida,

    Por favor, deixe de preconceitos. Até o Lula está recomendando aos petistas deixar de falar em golpistas. Bem ou mal Michel Temer é o presidente da República.

    Paulo Yokota

  3. Manoel Pereira
    3  escreveu às 16:36 em 14 de fevereiro de 2017:

    O Alexandre de Moraes é um nome controvertido? Ele é um dos maiores constitucionalistas do Brasil, assim como o Temer.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 08:13 em 15 de fevereiro de 2017:

    Caro Manoel Pereira,

    Esta pode ser a sua opinião pessoal, mas do ponto de vista de conhecedores profundos de questões constitucionais, eles não são destaques. Quem absorve em seus trabalhos contribuições de outros acadêmicos ou mudam constantemente de partidos, na minha avaliação, apresentam problemas. Estas questões exigem mais profundidade.

    Paulo Yokota


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