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Editorial do Nikkei Asian Review Sobre as Lições de Ghosn

3 de fevereiro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

clip_image002Um artigo assinado por Atsushi Nakayama, comentarista do Nikkei, no site do Nikkei Asian Review, faz uma avaliação positiva sobre os 30 artigos publicados a respeito de Carlos Ghosn que falou de sua vida e suas realizações no Japão com a Nissan, agora estendidas para a Mitsubishi Motors.

Carlos Ghosn teve seu trabalho no Japão reconhecido pelo jornal Nikkei

O artigo começa mencionando que Carlos Ghosn foi modesto em seus depoimentos sobre a sua vida publicados pelo Nikkei Asian Review, pois o autor reconhece que todos admitem que ele mudou o Japão do período posterior à bolha econômica que deixou o Japão estagnado por mais de duas décadas. Ele não teve medo de questionar o que estava consagrado no Japão corporativo e que imaginava não haver perdedores nem ganhadores desde 1990, mas mostrou que esta interpretação seria falsa.

Ele questionou instituições como o emprego vitalício, o sistema de antiguidade e o keiretsu, uma rede unida de empresas por laços de equidade, investimentos e outros relacionamentos de negócios, que já tinha se transformado em irrelevante depois do pós-guerra. Mesmo que alguns japoneses tivessem consciência disto, ninguém ousava tomar medidas para superar estes problemas. Embora Carlos Ghosn tivesse um olhar crítico sobre estes comportamentos, nem mesmo nos seus depoimentos registrou que isto não tinha mais mérito, mas reconhecia que salários e promoções sem considerar os méritos produziam efeitos negativos.

Ao introduzir reformas, ele sempre perguntava pragmaticamente se isto estava funcionando. Conseguiu convencer as pessoas com uma abordagem direta para que abraçassem as mudanças. Além de incentivar as reformas, conseguiu acelerar a globalização. Isto significava que os produtos tinham que ter alta qualidade no mercado interno e ser vendido no exterior, respeitando as características de cada mercado.

A dissolução da URSS e outros acontecimentos marcaram o início da globalização e o conceito dos movimentos mundiais não terem fronteiras de pessoas, bens e recursos financeiros era estranho para os japoneses, que entraram em colapso por isto. Ghosn, nascido no Brasil e educado no Líbano e na França, trabalhou em diversos países, inclusive nos Estados Unido e levou uma nova mensagem à Nissan, que era o símbolo do velho Japão. Ele experimentou a globalização antes dos japoneses.

Junsuke Ikegami, da Universidade de Waseda, estudou Carlos Ghosn por anos e ressalta que sua proposição é por mudanças contínuas e que ele declara continuar aprendendo até hoje, como fez na Michelin e na Renault. Depois de conseguir o comando da Renault e da Nissan, aceitou o desafio de recuperar a Mitsubishi Motors, envolvida em irregularidades. Com tudo isto, até onde ele vai ainda é uma incógnita neste aprendizado permanente. Este é o primeiro passo para o sucesso e o autor reconhece os 18 anos em que ele já ajudou o Japão.

Deve-se reconhecer o mérito dos japoneses que aceitaram um estrangeiro como Carlos Ghosn e suas lições. Que esta possa também ser aproveitada por outros, inclusive brasileiros que costumam subavaliar os que nasceram no Brasil e continua, mesmo no exterior, mantendo laços profundos com este país.



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