Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Exceções Em Tempos Difíceis

26 de fevereiro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Todos se lembram de que o pequeno e pobre Vietnã enfrentou e expulsou os franceses do seu território, derrotaram os Estados Unidos e seus aliados com uma guerrilha que tinha como arma espetos de bambu, mantém a China fora do seu domínio e agora passa por um desenvolvimento rápido, tornando-se o segundo produtor de café no mundo, cogitando-se até exportar ao Brasil para a produção do café solúvel.

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Uma das fotos que mais impressionaram o mundo, quando tropas norte-americanas lançavam o agente laranja para desfolhar as florestas onde os vietnamitas se escondiam, afetando suas crianças

Agora a populosa mas pobre Índia mostra com sua ampla política externa, como relatada Raí Kumar Sharma em artigo publicado no site da Nikkei Asian Review, que mesmo com todas as dificuldades enfrentadas pelo mundo, os indianos conseguem manter democraticamente um crescimento econômico em torno dos 7% ao ano, mais elevado do que a da China que conta com um rígido sistema político centralizado. Eles possuem grandes diferenças étnicas, religiosas e políticas na sua população, fora as dificuldades com seus vizinhos, mas conseguem aglutinar todos para esforços sensíveis na direção do desenvolvimento, começando pela melhoria de sua infraestrutura de transporte ferroviário, no que contam com a cooperação como a dos japoneses. É compreensível questionar-se por que o Brasil não consegue algo semelhante contando tantos recursos naturais.

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Primeiro-ministro indiano Narendra Modi com o vice-primeiro-ministro vietnamita Vu Duc Dam e o monge budista Quan Su, em Hanoi, no final do ano passado

A China vem enfrentando dificuldades com seus vizinhos onde os indianos conseguem provocar uma erosão na influência chinesa. A Índia enfatiza a importância do seu intercâmbio com os países do Sudeste Asiático propondo o AEP – Asian East Partnership, principalmente agora que os Estados Unidos deixaram de participar do TPP – TransPacific Partnership.

A lista dos países com os quais estão conversando foi ampliada, envolvendo o Japão, a Mongólia, a Coreia do Sul, a Malásia, o Cingapura e o Vietnã e se baseia em três C, cultura, comércio e conectividade, aproveitando o que já existe em termos bilateral, regional e multinacional. Também os japoneses se dispõem até a fornecer armamentos para a Índia e os australianos o gás natural, além de financiamento para os seus projetos.

Muitos projetos em discussão envolvem mais do que dois países, acabando por estimular os relacionamentos regionais, entrando em áreas como a cibernética, segurança e abastecimento de água. Até o budismo vem sendo utilizado nestas negociações. O recente sucesso no lançamento de 104 satélites num só foguete aumenta sua credibilidade.

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Avião US-2 para pesquisa e socorro que os japoneses desejam fornecer para a Índia, foto constante do artigo no site do Nikkei Asian Review

Mesmo que nem tudo que está sendo cogitado se concretize, se uma parte destas iniciativas regionais tiver sucesso, pode-se esperar formas novas de intercâmbio de países da região, sendo muitos e vivamente interessados, inclusive com interesses empresariais. São indicações que existem espaços para muitos entendimentos internacionais.



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