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Experimentando Usar o PANC

20 de abril de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Gastronomia | Tags: , ,

clip_image002Uma notícia interessante está sendo divulgada por Roberto Smeraldi no suplemento Paladar do jornal Estadão relatando sobre um evento em Belém do Pará que reuniu chefs brasileiros famosos utilizando o PANC – Plantas Alimentícias Não Convencionais.

Foto do prato passado no vapor com talo de vitória régia, que pode ser comparado com o aspargo, constante do artigo no suplemento Paladar do Estadão, que vale a pena ser lido na sua íntegra

Em muitos casos, estas plantas alimentícias são utilizadas pelos chefs como algo exótico, mas não havendo um fornecimento contínuo e em volume não podem ser usadas pelos restaurantes de forma regular. Algumas atendem a estas características e estão se tornando ingredientes comerciais tanto para o mercado interno como internacional, mas na sua maioria são difíceis de ser obtidas para uso pelos restaurantes ou por aficionados em gastronomia.

O artigo registra inclusive com fotos alguns destes produtos como a urtiga vermelha que não tem os inconvenientes das usuais. A mamorana é mencionada como lembrando algo parecido com a noz, semelhante ao amendoim. O puruxi é utilizado com o chocolate lembrando o uso de cravo, canela, anis e gengibre. Os cogumelos que estão se tornando conhecidos apresentam muitas variedades e são controladas pelo INPA – Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas pelas possibilidades de suas toxidades. Alex Atala, que vem se esforçando para divulgar estas utilizações, usou o caapeba que se tornou um invólucro versátil. O cubiu já é conhecido mais pelo seu poder contra o colesterol, sendo até utilizado como medicamento. Mas o talo de vitória régia é que pode se tornar mais comercial rapidamente, pela sua semelhança com o aspargo, sendo longo e mais abundante. As informações são tantas e detalhadas, que devem ser digeridas com cuidado, constando muitas do livro Plantas Alimentícias Não Convencionais, elaborado pelo pesquisador Valdely Kinupp em 2014, que já providenciei a compra pela internet, que estava disponível num sebo.

O artigo informa que o evento se trata de uma prévia do futuro Centro Global de Gastronomia e Biodiversidade que está sendo preparado em Belém do Pará. O evento sob o título “Amazônia descobre a Amazônia” reuniu um grupo de 22 profissionais entre cozinheiros, botânicos, engenheiros de alimentos e outros pesquisadores locais.

Entre os chefs estavam Alex Atala, Felipe Schaedler, Ofir Oliveira, Miguel Schiaffino, do Peru, Nelson Mendez, da Venezuela, entre outros. Apesar da ampla biodiversidade amazônica, ainda os conhecimentos científicos são insuficientes, com carência para os esforços dos seus usos como alimentos saudáveis. Na sua maioria já eram de conhecimento de alguns índios, mas não de forma mais generalizada.

Eventos desta natureza despertam interesses de especialistas, mas os profissionais de cozinha necessitam de abastecimentos contínuos para utilizarem nos restaurantes, como já tendo sido alertado pelos chefs internacionais de centros tradicionais como os da França.

Algumas empresas, notadamente aquelas que trabalham com produtos considerados benéficos para a saúde humana, estão começando a voltar suas atenções para todas estas potencialidades, esperando-se que as autoridades também contribuam com recursos para pesquisas e transformação em produtos comerciais, inclusive para a exportação. Os esforços de divulgação do Paladar devem ser intensamente aplaudidos.



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