Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Mundo Mudou Com o Ataque dos EUA à Síria

7 de abril de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: , ,

Se de um lado existe disposição de Donald Trump para a recuperação do papel político e econômico dos Estados Unidos no mundo, inclusive do ponto de vista militar, de outro, algumas provocações como o uso dos gases para a matança de inocentes na Síria, ao qual se acrescenta o lançamento de mísseis na Coreia do Norte, acabaram dando as desculpas para determinar a falência dos princípios que orientaram a criação das Nações Unidas no pós-Segunda Guerra Mundial. Lamentavelmente, isto ocorre pelo emprego da força militar, ainda que de mísseis já antigos. Há que se admitir que já estivesse obsoleto o direito das principais potências aliadas terem o poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, que não facilitava os entendimentos diplomáticos.

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Lançamento de um dos 59 mísseis Tomahawk do USS Porter, no Mediterrâneo, sobre a base na Síria de onde teriam lançados foguetes com gases tóxicos. Foto da Reuters distribuída pela US Navy para muitos jornais no mundo

A Rússia, um dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU com poder de veto, já vinha expressando um posicionamento a favor da Síria, não havendo indicação que o crime bárbaro de uso de gases para a matança, inclusive de muitas crianças, seria condenado. De outro lado, os provocativos recentes lançamentos de foguetes pela Coreia do Norte colocaram importantes aliados dos Estados Unidos ao risco de erros que poderiam provocar quedas dos mesmos sobre o Japão ou a Coreia do Sul, no mínimo. É preciso considerar que a China, também com direito de veto no mesmo Conselho de Segurança, se comportava condescendentemente com a Coreia do Norte.

O ousado Donald Trump, que beira a inconsequência em alguns das suas decisões, acabou dando a ordem do lançamento de mísseis sobre as bases de onde saíram os foguetes com gases tóxicos, condenados até pelos tribunais de crimes de guerra.

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Base de Al Shayrat de onde teriam sido lançados os foguetes com gases tóxicos que mataram quase uma centena de inocentes, inclusive crianças, que foi alvo dos ataques dos mísseis dos Estados Unidos. Foto constante do The New York Times, cujas matérias devem ser lidas na sua íntegra

Os analistas de questões militares nos principais jornais do mundo supõem que os Estados Unidos não empregaram todas as suas forças, mas estes mísseis seriam como advertências, devendo provocar negociações realistas sobre os problemas que estão sendo enfrentados no mundo. No entanto, deve se esperar uma corrida armamentista, pois todos os países que contam com capacidade para tanto devem se preocupar com suas defesas externas. A questão da Coreia do Norte, por ter sido dada a ordem de ataque à Síria quando Xi Jinping se preparava para o contato com Donald Trump, acaba sendo interpretada como uma pressão para aceleradas negociações da China com aquele país para evitar os riscos a que estão sujeitos a Coreia do Sul e o Japão, importantes aliados dos Estados Unidos no Extremo Oriente.

As Nações Unidas e o seu Conselho de Segurança, que já vinham sofrendo desgastes, com este atropelo dos Estados Unidos, acabam sendo profundamente questionadas neste privilégio do direito de veto, no mínimo. As tensões, inclusive com problemas militares, mal estão se intensificando, podendo perdurar por um longo período, implicando na mobilização de muitos recursos. Ainda que as produções de armamentos acabem provocando alguns estímulos econômicos, infelizmente, não se destinam ao aumento do bem-estar das populações, principalmente de países que já enfrentam muitas ações de guerrilhas ou terrorismos.

Lamentavelmente, esta é uma dura realidade do mundo, ainda que o Brasil e outros países procurem valorizar ao máximo os entendimentos diplomáticos.



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